Aung San Suu Kyi deve ser libertada nos próximos dias

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Aung San Suu Kyi DR

"Ela deverá ser libertada nos próximos dias. Todas as indicações vão nesse sentido", disse o responsável das Nações Unidas à AFP.

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"Ela deverá ser libertada nos próximos dias. Todas as indicações vão nesse sentido", disse o responsável das Nações Unidas à AFP.

Razali Ismail é um antigo diplomata malaio que faz, desde 2000, o papel de intermediário entre a junta militar no poder na Birmânia e a oposição, liderada pela Prémio Nobel da Paz.

Suu Kyi, secretária-geral da Liga Nacional para a Democracia (LND), o principal partido da oposição, está em prisão domiciliária desde Maio do ano passado, a sua terceira detenção desde 1988.

A junta birmanesa permitiu, no passado sábado, que a sede da LND reabrisse e libertou da prisão domiciliária, nas últimas semanas, quatro dirigentes do partido.

No final do mês passado, a junta militar anunciou a convocação de uma reunião da convenção nacional para o próximo dia 17 de Maio, da qual sairá um projecto de Constituição com vista a uma democratização do país.

A anterior convenção nacional fracassou, em 1996, depois da oposição, liderada por Suu Kyi, ter batido com a porta em protesto contra a sua subrepresentação e denunciando a tentativa da junta de manipular o processo de forma a justificar a sua estada no poder. Desconhece-se ainda se o partido de Suu Kyi será convidado a estar presente no encontro.

Rangum apresentou em Agosto do ano passado um plano para a democratização do país constituído por sete pontos, cuja primeira etapa era exactamente a reunião da convenção nacional, que agrupa Governo, oposição e minorias étnicas. A última etapa do roteiro é a realização de eleições "livres e justas" em data não precisada.

A detenção de prisioneiros políticos continua a ser um dos calcanhares de Aquiles da junta militar — e uma das razões que mais têm levado as organizações não governamentais internacionais a criticarem o poder birmanês. No centro desses prisioneiros políticos estão a própria Suu Kyi — colocada em prisão domiciliária desde Maio do ano passado, apesar dos vivos protestos da comunidade internacional — e muitos dos membros da Liga Nacional para a Democracia, que, em Maio de 1990, venceu de forma categórica as eleições legislativas democráticas, obtendo 392 dos 485 assentos — mas a junta recusou-se a abandonar o poder e o Parlamento não foi autorizado a ter assento.