Comunidade bahá’í assinala Ano Novo com desejos de maior paz e harmonia
Rui Batista, membro do conselho nacional dos bahá’í, explicou à Lusa que a comunidade, que tem mais de três mil fiéis registados em Portugal, assinala domingo o começo do seu Naw-Rúz (que significa um Novo Dia e representa o começo do Ano Novo), data que coincide com o início da Primavera, ou seja, "com o momento em que o Sol corta o equador celeste e une a duração do dia e da noite, o qual simboliza a mensagem essencial desta nova religião mundial: que todas as partes da Terra sejam igualmente iluminadas e unidas pelo Sol da Verdade", lê-se no sítio da comunidade portuguesa.
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Rui Batista, membro do conselho nacional dos bahá’í, explicou à Lusa que a comunidade, que tem mais de três mil fiéis registados em Portugal, assinala domingo o começo do seu Naw-Rúz (que significa um Novo Dia e representa o começo do Ano Novo), data que coincide com o início da Primavera, ou seja, "com o momento em que o Sol corta o equador celeste e une a duração do dia e da noite, o qual simboliza a mensagem essencial desta nova religião mundial: que todas as partes da Terra sejam igualmente iluminadas e unidas pelo Sol da Verdade", lê-se no sítio da comunidade portuguesa.
"O Ano Novo bahá’í simboliza o renascimento e renovação do Homem", referiu Rui Batista, sublinhando que "tudo foi renovado com o aparecimento, em Maio de 1843, da religião bahá’í", cujo fundador e mensageiro é Bahá’ú’llah (nome que quer dizer Glória de Deus).
"Os bahá’ís acreditam num só Deus, que interfere na história da humanidade e na vida pessoal. Para esta acção Deus enviou um mensageiro, que é Bahá’ú’llah", explicou.
Os bahá’ís defendem que "a humanidade tem à sua disposição os meios para transformar os tumultos actuais em sabedoria, tranquilidade e paz", esperando, por isso, a comunidade que, no Novo Ano, as guerras, lutas e violência infrutíferas que assolam o mundo dêem lugar à compreensão. "A terra é um só país e a humanidade seus cidadãos", reza o livro sagrado dos bahá’í, o Kitab-i-Aqdaf (livro das leis).
O Ano Novo é antecedido por um período de jejum, que acontece no último mês do calendário da religião bahá’í, composto por 19 meses de 19 dias. Os nomes dos meses do calendário procuram louvar Deus e estão ligados aos seus atributos e qualidades divinos — começa com o Esplendor, seguindo-se a Glória, Beleza, Grandeza, Luz.
Rui Batista disse que o período de jejum, que começa a 2 de Março e termina a 20 do mesmo mês, é composto por uma parte material (abstenção de comida e bebida desde o nascer ao pôr-do-sol, semelhante ao Ramadão muçulmano) e outra espiritual (orações e meditações).
As comemorações do Ano Novo bahá’í não obedecem a regras nem a rituais, sendo muitas vezes influenciadas pelas raízes culturais onde a comunidade está inserida. Em Portugal, a data vai ser assinalada com uma festa a decorrer na sede nacional da comunidade bahá’í, que se situa em Telheiras, Lisboa, bem como nas delegações locais espalhadas pelo país.
A comunidade não tem clero nem hierarquia estabelecida, funcionando com conselheiros locais e nacionais eleitos pelos crentes. De acordo com Rui Batista, os conselheiros, que não têm um estatuto de superioridade, são eleitos anualmente no final de Abril, por ocasião da Festa de Ridvan (Paraíso), quando se assinala o dia em que Bahá’ú’llah divulgou publicamente, nos arredores de Bagdad, que era o fundador de uma nova religião mundial - a bahá’í.
Em Portugal, a comunidade bahá’í surgiu em 1948 e actualmente conta com 20 conselhos locais no país. A religião está registada em Portugal desde 1975 e foi a terceira confissão religiosa a obter autorização para ministrar aulas nas escolas.
Os crentes desta religião comemoram duas datas sagradas o 12 de Novembro, quando se assinala o nascimento de Bahá’ú’llah, e o 29 de Maio, que marca a ascensão do mensageiro. Além destas datas, os fiéis juntam-se ainda na sede nacional de Telheiras e nos centros locais, que funcionam como centros espirituais, de 19 em 19 dias para celebrar a festa dos 19 dias. "Esta festa é composta por três partes: a devocional (oração), a de consultação, em que os crentes colocam questões relacionadas com a comunidade e apresentam sugestões, e a de confraternização", afirmou.
Rui Batista adiantou que a comunidade bahá’í reúne ainda todos os primeiros domingos de cada mês para trocar informações e abordar temas relacionados, por exemplo, com a educação e a globalização.
Além do livro sagrado, a religião bahá’í tem ainda orações específicas (amanhecer, anoitecer, louvor, crianças, mulheres grávidas e recém-nascidos, entre outras). Diariamente os crentes devem cumprir obrigatoriamente três orações.
De acordo com a Enciclopédia Britânica, há cerca de seis milhões de bahá’í espalhados pelo mundo, estando concentrados em maior número na Índia. A fé bahá’í é a segunda religião geograficamente mais difundida no mundo, logo a seguir ao cristianismo, e tem sido muito perseguida nalguns locais, nomeadamente no Irão.
A crença bahá’í tem origem na "vontade de Deus", à semelhança do cristianismo, judaísmo, budismo e islão, religiões que Rui Batista considera irmãs.
O Centro Mundial Bahá’í situado na zona de Acre/Haifa, em Israel, é o centro espiritual e administrativo da religião desde 1968, altura em que Bahá’ú’llah ali chegou para cumprir o seu exílio. Nascido na Pérsia, em 12 de Novembro de 1817, Bahá’ú’llah assumiu aos 27 anos a condição de mensageiro de Deus. Perseguido, preso e exilado durante 40 anos, Bahá’ú’llah passou os seus últimos anos em Bahjí, perto de Acre, na Terra Santa, onde faleceu em 1892.