Morreu o general Kaúlza de Arriaga
Kaúlza de Arriaga foi um dos mais temidos e contestados chefes militares do Estado Novo e, em concreto, durante a fase em que assumiu as funções de comandante-chefe das Forças Armadas em Moçambique, onde conduziu as tropas portuguesas para a Operação Nó Górdio, uma acção militar clássica, ou seja, de guerra convencional, que foi a maior de toda a Guerra Colonial em meios humanos (oito mil homens) e materiais, mas veio a ficar muito aquém dos objectivos pretendidos.
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Kaúlza de Arriaga foi um dos mais temidos e contestados chefes militares do Estado Novo e, em concreto, durante a fase em que assumiu as funções de comandante-chefe das Forças Armadas em Moçambique, onde conduziu as tropas portuguesas para a Operação Nó Górdio, uma acção militar clássica, ou seja, de guerra convencional, que foi a maior de toda a Guerra Colonial em meios humanos (oito mil homens) e materiais, mas veio a ficar muito aquém dos objectivos pretendidos.
Nos números oficiais esgrimidos por Kaúlza contra os seus críticos a operação custou a vida a 26 militares portugueses, para além de 27 feridos graves e não os "cento e tal mortos e inúmeros feridos" várias vezes referenciados por alguns dos seus opositores, como o marechal Costa Gomes, também já falecido.
No livro "Sobre Portugal", Costa Gomes considerou a Nó Górdio uma acção muito onerosa, inconveniente para as Forças Armadas por ter transferido para a Frelimo, o movimento de luta pela independência de Moçambique, a iniciativa operacional. Kaúlza sempre manteve a tese de que a Operação Nó Górdio e outras que se seguiram tiveram o mérito de vencer a Frelimo em Cabo Delgado e levar o domínio militar português a uma zona de alta importância estratégica, onde começava a ser erguida a barragem de Cabora Bassa.
Nascido no Porto, a 18 de Janeiro de 1915, Kaúlza de Arriaga formou-se em engenharia na Academia Militar e fez a sua formação de chefe militar no Instituto de Altos Estudos Militares, onde frequentou o curso de Estado-Maior e o curso de Altos-Comandos. Mais tarde, exerceu os cargos de chefe de gabinete do ministro da Defesa (1953/1955) e, quando eclodiu a Guerra Colonial, em Março de 1961, ocupava as funções de secretário de Estado da Aeronáutica. Em 1969, foi para Moçambique chefiar as Forças Terrestres e de 1970 a 1973 assume o posto de Comandante-Chefe das Forças Armadas nesta província ultramarina.
Ideologicamente muito ligado ao regime do Estado Novo, Kaúlza foi passado compulsivamente à reserva em Maio de 1974, poucos dias depois da revolução de Abril de 1974, mas não pelo Movimento dos Capitães, MFA. Foi a Junta de Salvação Nacional, liderada por António Spínola, que assumiu aquilo que sempre considerou um saneamento. A 28 de Setembro viria mesmo a ser preso e nessa situação se manteve até 1976.
O corpo do general Kaúlza de Arriaga está em câmara ardente no Hospital Militar Principal, Lisboa, e o funeral realiza-se amanhã para o cemitério dos Prazeres.