Algo se mexe....
O primeiro objecto "inclassificável" que nos chega este ano. Burr Steers (que tem um "pedigree" estranhíssimo: é sobrinho de Gore Vidal e de Jacqueline Kennedy) nasceu em 1966, o que talvez permita, se acrescentarmos os nomes de Wes Anderson ("Rushmore", "Os Tennenbaums") e Richard Kelly ("Donnie Darko"), começar a desenhar uma geração 60/70 no cinema americano. É que os parentescos são óbvios, do registo de comédia triste onde o humor parece nascer do desespero ao olhar amargo sobre as famílias, passando, como fundamento "filosófico", por um desencanto quase niilista. "A Estranha Vida de Igby" varia a luz e o negrume, encena a amargura de forma completamente desarmante (veja-se o tratamento das personagens dos pais, magníficos Susan Sarandon e Bill Pullman), e exibe um sentido de humor que ora parece genuíno ora parece meramente auto-defensivo - mas que é sempre uma distância, um comentário, uma almofada. Se os filmes dos mais velhos tentam "recompor" o mundo, filmes como o de Steers parecem apenas querer acelerar a decomposição. Será uma marca de geração, eventualmente, mas também um sinal claro de que alguma coisa se mexe debaixo do brilho da superfície do cinema americano.
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O primeiro objecto "inclassificável" que nos chega este ano. Burr Steers (que tem um "pedigree" estranhíssimo: é sobrinho de Gore Vidal e de Jacqueline Kennedy) nasceu em 1966, o que talvez permita, se acrescentarmos os nomes de Wes Anderson ("Rushmore", "Os Tennenbaums") e Richard Kelly ("Donnie Darko"), começar a desenhar uma geração 60/70 no cinema americano. É que os parentescos são óbvios, do registo de comédia triste onde o humor parece nascer do desespero ao olhar amargo sobre as famílias, passando, como fundamento "filosófico", por um desencanto quase niilista. "A Estranha Vida de Igby" varia a luz e o negrume, encena a amargura de forma completamente desarmante (veja-se o tratamento das personagens dos pais, magníficos Susan Sarandon e Bill Pullman), e exibe um sentido de humor que ora parece genuíno ora parece meramente auto-defensivo - mas que é sempre uma distância, um comentário, uma almofada. Se os filmes dos mais velhos tentam "recompor" o mundo, filmes como o de Steers parecem apenas querer acelerar a decomposição. Será uma marca de geração, eventualmente, mas também um sinal claro de que alguma coisa se mexe debaixo do brilho da superfície do cinema americano.