Autocarros movidos a hidrogénio estreiam-se nas ruas do Porto
Por estas e outras razões, a indústria automóvel, companhias petrolíferas e de gases, governos, entre outros parceiros, investem na descoberta das potencialidades do hidrogénio. No Porto, a aventura começa hoje, com três autocarros movidos a H2 que serão apresentados por Durão Barroso.
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Por estas e outras razões, a indústria automóvel, companhias petrolíferas e de gases, governos, entre outros parceiros, investem na descoberta das potencialidades do hidrogénio. No Porto, a aventura começa hoje, com três autocarros movidos a H2 que serão apresentados por Durão Barroso.
Não chegava à Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) ter a maior frota de autocarros a gás do país. A partir de hoje, oferece também aos passageiros os primeiros autocarros movidos a H2 gasoso de Portugal. Trata-se de uma experiência-piloto - integrada no projecto CUTE (Clean Urban Transport for Europe), aprovado pela União Europeia em Novembro de 2002 -, que envolve nove cidades europeias (sete países) num plano que se deverá prolongar até finais de 2005.
Hoje, depois da apresentação oficial dos novos veículos no Museu do Carro Eléctrico e de um desfile pela cidade, ao qual se juntarão as viaturas históricas da STCP, os H2Bus vão circular gratuitamente, das 17h30 às 21h00, e amanhã das 14h30 às 20h30. A partir de segunda-feira, os autocarros integram a linha 20 (Constituição).
O programa vai experimentar na prática - no Porto, em Amesterdão, Barcelona, Madrid, Hamburgo, Estocolmo, Estugarda, Luxemburgo e Londres - o novo "sistema limpo". Por outro lado, visa-se preparar a chegada do novo "ciclo" com o "design" e instalação da infra-estrutura que servirá o H2 e analisar os suas vantagens no plano ecológico, técnico e económico, em comparação com os combustíveis tradicionais. Em particular pretende-se averiguar que impacte pode ter no efeito de estufa e no cumprimento das metas do Protocolo de Quioto.
É anunciado como o maior projecto do V Programa-Quadro de Investigação da União Europeia, e o maior deste género a nível mundial, envolvendo uma verba que ultrapassa os 52 milhões de euros, num "bolo" financeiro que deixa uma fatia para a "versão portuguesa" de quase sete milhões de euros. Durante os próximos 55 meses, o consórcio CUTE vai observar o resultado prático daquela que já é chamada a "energia do futuro."
Na génese de todo este processo, iniciado em finais dos anos 90, esteve envolvida uma equipa portuguesa do Instituto Superior Técnico (IST) de Lisboa e liderada por Maria da Graça Carvalho, actual ministra da Ciência e do Ensino Superior. Hoje, além do apoio da União Europeia - que comparticipa com 35 por cento do valor global envolvido -, a experiência integra a STCP, a BP (que recorreu à empresa Linde Sogas para o fornecimento de hidrogénio), a Daimler Chrysler (fabricante de autocarros) e a Direcção-Geral de Energia e de Transportes Terrestres.
A aposta visível no H2 surge poucos dias depois de ter sido formalmente criada a Associação Portuguesa de Hidrogénio, presidida por Tiago Faria, do IST. Sinais claros que reflectem o esforço levado a cabo noutros países, numa altura em que o Projecto Europeu Integrado de Hidrogénio estás prestes a terminar a segunda fase.