Novas escutas telefónicas no processo Casa Pia
O juiz Rui Teixeira considerou as escutas em causa como uma tentativa de perturbação do inquérito ao caso de pedofilia que envolve a instituição casapiana, tendo a partir destas decidiu ordenar a prisão preventiva de Paulo Pedroso.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O juiz Rui Teixeira considerou as escutas em causa como uma tentativa de perturbação do inquérito ao caso de pedofilia que envolve a instituição casapiana, tendo a partir destas decidiu ordenar a prisão preventiva de Paulo Pedroso.
Numa conversa telefónica entre António Costa e Paulo Pedroso na manhã do mesmo dia, o líder parlamentar do PS diz ao deputado "já fiz o contacto", ao que Pedroso respondeu "sim".
E António Costa continuou: "disse que ia falar imediatamente com o... procurador do processo... portanto, o Guerra... o receio que tem... é que a coisa já tenha... já esteja na mão do juiz... visto que é o juiz que tem de se dirigir à Assembleia... pá, talvez o teu irmão seja altura de procurar o Guerra...".
Já perto das 11h00, João Barroso contacta o irmão para lhe dizer que "o João Guerra está incontactável...". Paulo Pedroso responde: "O procurador-geral disse ao António que achava que já tinha ido tudo para o TIC...".
António Costa e Paulo Pedroso voltam a falar ao telefone, afirmando o líder parlamentar do PS: "[O procurador-geral] falou com o magistrado do Ministério Público... porque lá o dito Guerra tá lá com ele. E disse-lhe, Eh pá! O problema é que isso já está nas mãos do juiz".
Ao início da tarde, a alguns minutos da conferência de imprensa de Paulo Pedroso na Assembleia da República, numa conversa entre Ferro Rodrigues e Jorge Coelho, o secretário-geral do PS diz que "o almoço não serve para nada".
Segundo a SIC, que cita o Ministério Público, o almoço em causa é entre o Presidente da República e o procurador-geral da República.
António Costa e Ferro Rodrigues voltam a falar ao telefone perto das 19h30, tendo o primeiro indicado que estava a chegar "a casa do Júdice" e que sabe que há "uma testemunha da judiciária não é fiável".
Já no final do dia, Ferro Rodrigues diz a António Costa: "tou-me cagando para o segredo de justiça".
O Ministério Público suspeitar ainda que nos dias seguintes à detenção, houve um esforço concertado do PS para fazer passar a teoria da "cabala" entre algumas personalidades influentes da sociedade portuguesa. O Ministério Público acredita terem sido feitas chamadas para dirigentes do PSD como Pedro Santana Lopes, e Morais Sarmaento, para Souto Moura e ainda para o ex-presidente do PSD Marcelo Rebelo de Sousa.