Presidente do ICN sabia de morte de felinos desde Julho

"Soubemos que tinham morrido três animais em finais de Julho, mas foi apenas informalmente. E isso foi entendido como uma circunstância da dificuldade da operação de resgate que foi solicitada pelas autoridades dos Açores", explicou Silva Costa à Lusa, indicando que foi pedido em seguida "um relatório exaustivo da situação". "A informação escrita sobre a situação, que me foi dada pelas chefias intermédias do instituto, só a recebi a 17 de Setembro", sublinhou o responsável.

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"Soubemos que tinham morrido três animais em finais de Julho, mas foi apenas informalmente. E isso foi entendido como uma circunstância da dificuldade da operação de resgate que foi solicitada pelas autoridades dos Açores", explicou Silva Costa à Lusa, indicando que foi pedido em seguida "um relatório exaustivo da situação". "A informação escrita sobre a situação, que me foi dada pelas chefias intermédias do instituto, só a recebi a 17 de Setembro", sublinhou o responsável.

Cinco dias depois, a RTP1 exibia uma reportagem no programa Planeta Azul sobre o mesmo resgate de animais detidos ilegalmente, uma operação levada a cabo pelo ICN e que culminou na morte de duas leoas e um tigre.

Silva Costa reconhece que "as operações de facto correram mal", ressalvando, porém, não compreender o porquê da ausência de um médico veterinário, uma das alegadas ilegalidades da operação. "A 18 de Junho assinei um despacho para que essa operação se realizasse, com três técnicos do ICN e um veterinário. Não compreendo ainda a ausência do veterinário. Mas estamos a averiguar", indicou.

No dia da exibição da reportagem, o presidente do ICN soube então da "situação de aparente ilegalidade".

Perante as várias críticas avançadas por associações de defesa dos animais à actuação do ICN, o Ministério do Ambiente analisou o caso, concluindo não haver razões, para já, para demitir o presidente do instituto.

Ontem, o ministro Amílcar Theias disse estar "à espera dos resultados do inquérito" ordenado pelo presidente do ICN, para averiguar responsabilidades no caso e cujos resultados serão conhecidos dentro de dez dias.

"Não vou julgar ninguém sem conhecer os factos", sublinhou, acrescentando que "todos os dirigentes do Estado são amovíveis", "mas que isso não quer dizer que haja razões para demitir o presidente do ICN".

Quanto à reportagem da RTP, ministro Amílcar Theias considerou que as imagens transmitidas foram "lamentáveis, porque podem até ser traumatizantes para as crianças". "A comunicação social deve informar, mas há alguns limites. A RTP1 já mostrou as imagens vezes demais", comentou.

O ministro disse ainda não compreender como é que imagens captadas há dois meses fora divulgadas só agora, mas admitiu que os serviços do Ministério do Ambiente nada lhe comunicaram, apesar de a RTP1 ter enviado um fax ao ICN a propósito da reportagem transmitida segunda-feira.

Amílcar Theias garantiu que o ICN "faz acções de fiscalização" para detectar animais comercializados ilegalmente e afirmou que, desde o início deste ano, se realizaram 150 acções desse género.