Casa Pia: Bagão Félix pede "cuidado com as palavras e as pessoas"
Bagão Félix, que hoje presidiu à apresentação pública do relatório do Conselho Técnico Científico da Casa Pia, frisou que "o importante é a apresentação do relatório, que contém soluções para o futuro, e não um processo que ainda está em curso". O ministro que tutela a instituição - que desde o fim do ano passado está envolta em polémica pelo alegado funcionamento de uma rede pedófila no seu seio - foi peremptório: "não pactuamos com julgamentos populares".
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Bagão Félix, que hoje presidiu à apresentação pública do relatório do Conselho Técnico Científico da Casa Pia, frisou que "o importante é a apresentação do relatório, que contém soluções para o futuro, e não um processo que ainda está em curso". O ministro que tutela a instituição - que desde o fim do ano passado está envolta em polémica pelo alegado funcionamento de uma rede pedófila no seu seio - foi peremptório: "não pactuamos com julgamentos populares".
A provedora da Casa Pia, Catalina Pestana, escusou-se a fazer mais comentários, dizendo apenas concordar "completamente com as palavras do ministro".
A Lusa avançou ontem que o professor, uma das primeiras pessoas a denunciar os comportamentos pedófilos do antigo funcionário da Casa Pia, Carlos Silvino, é alvo de um inquérito disciplinar, informação que o professor de relojoaria confirmou em declarações ao PÚBLICO, adiantando que se trata de uma tentativa, sem fundamento, para o descredibilizar.
O inquérito, aberto em Maio deste ano na sequência de uma queixa, está a ser conduzido pelo Ministério da Segurança Social e do Trabalho e resultou de uma queixa apresentada à provedora da Casa Pia, Catalina Pestana, e transmitida à tutela, pela alegada vítima.
Mestre Américo foi ouvido em Junho passado, tendo desmentido o teor das acusações que lhe foram feitas. O relojoeiro não revela, no entanto, qualquer ressentimento por ter sido inquirido. "A senhora provedora não podia ter feito outra coisa. Eu tenho que me pôr no lugar dela. Apareceu uma queixa e, portanto, a abertura do inquérito é normal. Não pode haver protegidos e desprotegidos", disse, afirmando aguardar pelo fim da investigação para "falar" sobre o assunto. Fonte do gabinete do ministro Bagão Félix explicou, também, que a instauração de um processo disciplinar é "normal" sempre que surgem denúncias deste tipo.
Questionado sobre as razões que terão levado a que fosse apresentada a queixa, Américo Henriques respondeu desconhecer, em rigor, os motivos, mas adiantou ter indícios de que poderá estar a sofrer as consequências das denúncias que tem feito ao longo dos últimos 27 anos relativamente aos abusos sexuais de alunos da Casa Pia.
Para além deste processo, o professor de relojoaria está a ser alvo de um outro inquérito, por difamação, interposto pelo ex-provedor da Casa Pia de Lisboa, Luís Rebelo. E já foi mesmo condenado, no passado, no âmbito de outros processos movidos contra ele, por ter posto em causa "o bom nome" de Carlos Silvino e por ter "ofendido a dignidade" de Teresa Costa Macedo, quando esta era secretária de Estado da Família e tinha a tutela da Casa Pia.