Maior vala comum da Bósnia começou a ser escavada

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Em Julho de 1995, as forças sérvias executaram sumariamente cerca de sete mil bósnios-muçulmanos, homens e rapazes, no enclave de Srebrenica Hidajet Delic/AP

"Cremos que esta campa contém várias centenas de corpos das vítimas do massacre de Srebrenica em 1995 e dos civis de Zvornik, mortos no início da guerra", revelou Murat Hurtic, um membro da Comissão Bósnia-Muçulmana para as pessoas desaparecidas.

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"Cremos que esta campa contém várias centenas de corpos das vítimas do massacre de Srebrenica em 1995 e dos civis de Zvornik, mortos no início da guerra", revelou Murat Hurtic, um membro da Comissão Bósnia-Muçulmana para as pessoas desaparecidas.

Situada numa zona montanhosa próxima da pequena vila de Memici, a 80 quilómetros de Sarajevo, a vala comum, com cerca de 80 metros quadrados, foi descoberta há um ano depois de várias testemunhas terem informado o Tribunal Penal Internacional (TPI) de que tinham visto uma coluna de camiões carregados com corpos a deslocar-se para aquele local. A identidade das testemunhas não foi revelada e a localização da campa foi mantida em segredo durante um ano, de modo a evitar quaisquer distúrbios no local antes das escavações começarem.

No início da guerra dos Balcãs várias centenas de civis bósnios-muçulmanos foram mortas pelas forças sérvias quando estas ocuparam a região de Zvornik, próximo da fronteira com a Sérvia. Os cadáveres das vítimas foram inicialmente enterrados num cemitério muçulmano próximo de Zvornik.

Em Julho de 1995, as forças sérvias executaram sumariamente cerca de sete mil bósnios-muçulmanos, homens e rapazes, no enclave de Srebrenica. Os corpos das vítimas do massacre foram distribuídos por várias campas na região, que têm vindo a ser descobertas nos últimos anos.

De acordo com os peritos forenses, muito trabalho terá de ainda que ser feito para se poder definir quantas pessoas estavam enterradas nesta vala comum e proceder à sua respectiva identificação através de análises de ADN. O trabalho dos peritos é dificultado pelo facto dos sérvios-bósnios, procurando esconder as provas dos massacres, terem sepultado os corpos várias vezes. Além do elevado estado de decomposição, muitos dos cadáveres não se encontram inteiros ou estão parcialmente esmigalhados.