Lisboa: tabaco e fumo de escape são as principais causas da poluição por benzeno

Foto
Salvo em áreas onde o tráfego automóvel é mais intenso, as concentrações de benzeno são inferiores ao valor limite David Clifford/PÚBLICO

Salvo em áreas onde o tráfego automóvel é mais intenso - como Amoreiras, Rato, Campo Grande ou Terreiro do Paço -, as concentrações de benzeno na capital são inferiores ao valor limite anual estabelecido pela legislação nacional e comunitária para cumprimento em 2010.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Salvo em áreas onde o tráfego automóvel é mais intenso - como Amoreiras, Rato, Campo Grande ou Terreiro do Paço -, as concentrações de benzeno na capital são inferiores ao valor limite anual estabelecido pela legislação nacional e comunitária para cumprimento em 2010.

No entanto, os resultados não descansam Rui Berkemeier, da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza. Este ambientalista alertou para a necessidade de prosseguir a monitorização das zonas críticas e a adopção de medidas como a redução do número de carros que entram na cidade, a instalação de filtros de partículas nos autocarros e a substituição da frota de táxis de gasóleo por veículos movidos a gás GPL, menos poluente.

A relação entre a exposição ao benzeno e o desenvolvimento da leucemia é conhecida há muito, tendo sido o primeiro poluente cancerígeno a ser regulamentado pelas directivas de qualidade do ar da União Europeia (UE).

Segundo Carlos Silva Santos, delegado regional de Saúde Pública para a região de Lisboa e Vale do Tejo, a capital tem uma taxa superior de leucemia em relação ao resto do país.

"Morrem anualmente 15 pessoas por cem mil com leucemia em Lisboa, uma taxa que supera também as registadas em Santarém e Setúbal. O controlo do benzeno é, de certeza, um contributo para evitar o surgimento deste tipo de doença", disse.

Uma vez que o tabaco contribui em 39 por cento para a exposição pessoal a este poluente, Berkemeier apostou no prosseguimento das campanhas anti-tabagistas.

Apesar de os resultados hoje divulgados apontarem para o cumprimento nacional das metas comunitárias para 2010 relativas ao benzeno, o ambientalista frisou que "em relação a alguns poluentes, como as partículas inaláveis, Lisboa é neste momento, a par de outras cidades do país, um dos maiores exemplos de poluição na Europa, com concentrações elevadas".

O estudo de avaliação da exposição aos cidadãos à poluição do ar na cidade de Lisboa faz parte do projecto europeu People, que tem por objectivo avaliar os níveis de exposição pessoal, exterior e interior do ar em dez grandes cidades na Europa dos Quinze e dos países candidatos.

Além dos sensores que foram instalados a 22 de Outubro em cafés, postes de electricidade, lojas ou escolas de Lisboa, 120 voluntários usaram durante 12 horas um tubo ao peito que media a poluição a que estavam sujeitos.