Comovente marginalização
O filme de Jacques Audiard começa quase como um melodrama e evolui para um curioso "thriller", à medida que a ligação entre as duas personagens principais se vai adensando: primeiro há uma estranha encenação das limitações de ouvir, que se espalha pela banda sonora como inacreditável presença subliminar; depois a química entre Vincent Cassel e Emmanuelle Devos cumpre o resto. O par emerge para uma comovente marginalização que se afasta de modelos conhecidos. Embora seguindo trâmites do "film noir", há uma recusa de códigos e de fórmulas, que o coloca numa simpática categoria à parte, desafiando generalizações. O que há de mais interessante passa, pois, pela contaminações entre tons e pelo modo como a leitura dos mundos interiores das duas personagens se sobrepõe a um certo exibicionismo moralista e "politicamente quase correcto", que encontra na dispensável cena da violação a sua expressão mais limitativa.
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O filme de Jacques Audiard começa quase como um melodrama e evolui para um curioso "thriller", à medida que a ligação entre as duas personagens principais se vai adensando: primeiro há uma estranha encenação das limitações de ouvir, que se espalha pela banda sonora como inacreditável presença subliminar; depois a química entre Vincent Cassel e Emmanuelle Devos cumpre o resto. O par emerge para uma comovente marginalização que se afasta de modelos conhecidos. Embora seguindo trâmites do "film noir", há uma recusa de códigos e de fórmulas, que o coloca numa simpática categoria à parte, desafiando generalizações. O que há de mais interessante passa, pois, pela contaminações entre tons e pelo modo como a leitura dos mundos interiores das duas personagens se sobrepõe a um certo exibicionismo moralista e "politicamente quase correcto", que encontra na dispensável cena da violação a sua expressão mais limitativa.