CD-ROM reúne 29 exemplares da edição original de "Os Lusíadas" e explica erros
A investigação, da responsabilidade do professor norte-americano David Jackson, será lançada com o apoio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), que promove uma conferência ao fim da tarde sobre este trabalho, considerado de importância excepcional para os estudos camonianos.
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A investigação, da responsabilidade do professor norte-americano David Jackson, será lançada com o apoio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), que promove uma conferência ao fim da tarde sobre este trabalho, considerado de importância excepcional para os estudos camonianos.
David Jackson explicou que este CD-ROM reproduz pela primeira vez os 29 exemplares oriundos de bibliotecas e colecções de oito países, prefaciados por um estudo analítico da sua autoria, em português e em inglês.
A partir de agora, os interessados na obra camoniana poderão consultar a investigação e ter acesso à edição integral das cópias de "Os Lusíadas" impressas em 1572, "da mesma forma que foi vista pelo poeta, ainda em vida".
"Cada exemplar tem um interesse histórico incomum e um valor extraordinário como livro-documento", salientou o docente da Universidade de Yale, doutorado em estudos portugueses pela Universidade de Wiscosin, nos Estados Unidos.
David Jackson realizou a sua investigação em bibliotecas públicas e particulares nos Estados Unidos, Portugal (na Biblioteca Nacional), Brasil, Inglaterra, Itália, Espanha, França e Alemanha, consultando estas primeiras valiosas cópias da obra épica de Luís Vaz de Camões.
O investigador comentou que cada um dos exemplares está avaliado em mais de um milhão de euros devido à sua raridade, mas o valor estético e histórico é "incalculável".
No CD-ROM está incluída uma tese do investigador sobre os erros de impressão contidos nestes exemplares e que têm intrigado os estudiosos desta obra desde que o comentarista Faria e Sousa, em 1685, observou pela primeira vez que a imagem do pelicano no frontispício do livro estava virada para o lado esquerdo nalguns exemplares e para o direito noutros.
Desde então, segundo David Jackson, "criou-se o mito da existência de duas edições que se fixou no imaginário português". O dilema chegou a criar a hipótese, em alternativa, da existência de dois estados de impressão e até de uma edição pirata feita mais tarde.
Nas suas investigações, o professor norte-americano concluiu que existiam mais erros técnicos de impressão na edição com o pelicano virado à direita e que "estes exemplares foram impressos primeiro".
Na sua tese, David Jackson defende que não existiram realmente duas edições diferentes mas estados de impressão de "Os Lusíadas" de 1572.
O CD-ROM "Camões e a Primeira Edição d'Os Lusíadas" é lançado em conjunto com a revista "Portuguese Literary & Cultural Studies" na FLAD na presença do autor e do professor Frank Sousa, director do Center for Portuguese Studies and Culture.