Pentágono diz que é "prematuro" falar em fábrica de armas químicas

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Russel Boyce/EPA

"As informações dos jornalistas são prematuras. Estamos a tentar examinar os locais que nos interessam", afirmou o comandando central americano num breve comunicado lido pelo porta-voz do Pentágono, o comandante James Cassella.

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"As informações dos jornalistas são prematuras. Estamos a tentar examinar os locais que nos interessam", afirmou o comandando central americano num breve comunicado lido pelo porta-voz do Pentágono, o comandante James Cassella.

Segundo a televisão britânica Sky News, um general iraquiano já foi detido por alegada ligação a este assunto.

Até agora, tal como afirmou ontem o secretário norte-americano da Defesa, Donald Rumsfeld, nenhuma infra-estrutura deste género tinha sido detectada em solo iraquiano, desde o início da ofensiva armada dos Estados Unidos e dos aliados em solo iraquiano.

O Presidente norte-americano, George W. Bush, e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, alegaram reiteradamente, antes do início da ofensiva armada em território iraquiano, que o Iraque tinha infra-estruturas e armas químicas, o que a verificar-se viola a resolução 1441 aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU em Novembro — que obriga Bagdad a eliminar as armas não-convencionais, caso contrário terá de enfrentar "sérias consequências".

Por seu lado, o regime de Saddam Hussein sempre negou ter em sua posse este tipo de armamento perante os inspectores das Nações Unidas, que deixaram a sua tarefa por concluir, já que a guerra começou entretanto.

A cidade de Najaf situa-se a 175 quilómetros a sul da capital iraquiana, Bagdad.

Ex-chefe dos inspectores da ONU duvida da alegada descoberta

O ex-chefe dos inspectores de desarmamento da ONU no Iraque, Scott Ritter – que esteve sete anos no país a liderar a Comissão Especial de Desarmamento das Nações Unidas para desarmar o Iraque (UNSCOM) – disse hoje à Sky News estar muito céptico em relação ao anúncio desta descoberta.

“Temos de esperar por uma verificação independente”, afirmou Ritter, que se demitiu em 1998 das suas funções por considerar que a Administração dos Estados Unidos estava a fabricar provas para acusar o Iraque da posse de armas de destruição maciça.

“Eu estive sete anos no Iraque. Construir e manter uma fábrica de armas químicas em solo xiita (Najaf) não faz qualquer sentido. É provável que as tropas que fizeram esta descoberta não estejam treinadas e pensem que se trata de uma fábrica de armas químicas”, frisou.

Conhecido pela sua forte oposição à política governamental dos EUA para o Iraque, Scott Ritter deixou ainda uma acusação: “Este anúncio coincide com o final do dia mais difícil para as tropas aliadas. É muita coincidência”.

O antecessor de Hans Blix reafirmou a posição que tem mantido nos últimos anos: “O Iraque foi desarmado. A coligação está apenas desesperada por poder provar as suas acusações”.

Karbala e Najaf — situam-se a cem e 175 quilómetros a sul de Bagdad, respectivamente — são as duas cidades mais sagradas para o xiismo (seguido por dez por cento dos muçulmanos e maioritário no Iraque e no Irão), depois de Meca e Medina, na Arábia Saudita (ambas também sagradas para o sunismo, rito seguido por 90 dos muçulmanos).