Moscovo irá opor-se a qualquer tentativa de legitimação da guerra no seio da ONU
“Haverá, sem dúvida, tentativas junto do Conselho de Segurança para encontrar fórmulas que permitam oferecer alguma legitimidade à operação militar num período de reconstrução do Iraque, no pós-guerra”, estimou Ivanov diante do Conselho de Política Exterior e de Defesa, um órgão consultivo russo.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
“Haverá, sem dúvida, tentativas junto do Conselho de Segurança para encontrar fórmulas que permitam oferecer alguma legitimidade à operação militar num período de reconstrução do Iraque, no pós-guerra”, estimou Ivanov diante do Conselho de Política Exterior e de Defesa, um órgão consultivo russo.
“Vamos monitorizar essa tentativa e discordamos de qualquer legitimidade que possa ser conferida à acção militar em eventuais projectos de resolução do Conselho de Segurança”, acrescentou.
Por outro lado, “se os Estados Unidos não forem ao Conselho de Segurança, as suas tropas tornar-se-ão tropas de ocupação”, considerou Ivanov.
“Na primeira oportunidade, eles [os americanos] tentarão que o Conselho de Segurança legitime a sua presença no Iraque” e a Rússia deverá aproveitar essa ocasião para defender os seus interesses económicos, disse o ministro. “Uma futura resolução [do Conselho de Segurança] deverá defender os nossos interesses, para que os contratos assinados com o actual regime iraquiano não sejam considerados nulos no futuro”.
As companhias petrolíferas russas, nomeadamente a mais importante de todas, a Loukoil, concluíram importantes contratos com Bagdad e a Rússia pretende que eles não caiam no esquecimento depois da guerra.
Ivanov aproveitou ainda para criticar o anúncio turco de participação na guerra contra o Iraque, afirmando que a atitude de Ancara irá provocar um “novo agravamento da situação”.
“Nós denunciamos a guerra em todas as suas manifestações, quer venha do Sul, do Norte, ou da costa da Turquia. A entrada de tropas turcas significa um novo agravamento da situação no Iraque”, afirmou o chefe da diplomacia russa. “O Iraque não precisa de uma democracia levada pelos aliados em mísseis de cruzeiro”.
“O povo iraquiano é sábio e poderá, ele mesmo, construir o seu futuro. É por isso que a Rússia apela, uma vez mais, ao fim da guerra”, sublinhou Ivanov.