Freitas do Amaral critica silêncio de Eanes, Guterres e Cavaco sobre Iraque
"Porque não fala a Conferência Episcopal Portuguesa? Porque não falam as outras comunidades religiosas? Porque não se explicam desenvolvidamente vozes tão autorizadas e experientes como as de Ramalho Eanes, António Guterres ou Cavaco Silva?", perguntou.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
"Porque não fala a Conferência Episcopal Portuguesa? Porque não falam as outras comunidades religiosas? Porque não se explicam desenvolvidamente vozes tão autorizadas e experientes como as de Ramalho Eanes, António Guterres ou Cavaco Silva?", perguntou.
As críticas de Freitas do Amaral dirigidas a Eanes, ex-Presidente da República, Guterres, Cavaco (ambos antigos primeiro-ministro) e às comunidades religiosas surgiram num comício organizado pela Plataforma Contra a Guerra na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa.
Ao lado de diversas figuras da esquerda nacional, entre as quais o ex-Presidente da República Mário Soares, o antigo líder e fundador do CDS afirmou-se "sem medos nem complexos" para criticar a "vasta coligação de violentos" e a "ambição de um poder à escala planetária" evidenciado pelos Estados Unidos.
Num discurso sempre muito aplaudido, Freitas do Amaral manifestou incompreensão pela iminência de um ataque contra o Iraque quando outras ditaduras mesmo ao lado são apoiadas, financiadas e os seus líderes cumprimentados com três beijos na cara" e perguntou: "o que é pior, um tirano regional sem poderio excessivo ou uma super-potência sem limitações que a refreiem?".
E enunciou depois os cinco passos para "evitar a guerra" [o mote do comício de sábado]: "Exigir o respeito pelo direito internacional, apoiar as Nações Unidas, apoiar firmemente as figuras mundiais que não aceitam a guerra", como o Papa João Paulo II, e "exigir a todas as figuras nacionais que saiam do silêncio" e que façam ouvir a sua voz "neste momento tão grave".
O ex-presidente da Assembleia Geral da ONU foi apenas dissonante do tom geral dos nove discursos da noite quando admitiu aceitar uma eventual "luz verde da ONU para o ataque", embora sublinhando que continuará "vigilante" relativamente à evolução dos acontecimentos.
Depois de Freitas do Amaral, a encerrar a noite de discursos na Aula Magna, Mário Soares sublinhou que a luta contra o terrorismo "não se pode fazer praticando actos terroristas piores que aqueles que se querem condenar".