Ferro critica discurso de Durão sobre o Iraque
"Trata-se de um discurso muito preocupante porque parece dar a ideia de que a guerra é inevitável e que seria anormal não haver guerra", disse o líder socialista, que falava aos jornalistas em Vila Real de Santo António, no Algarve, à margem da convenção autárquica dos socialistas algarvios.
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"Trata-se de um discurso muito preocupante porque parece dar a ideia de que a guerra é inevitável e que seria anormal não haver guerra", disse o líder socialista, que falava aos jornalistas em Vila Real de Santo António, no Algarve, à margem da convenção autárquica dos socialistas algarvios.
Para o dirigente do PS — que afirmou sempre ter defendido a paz entre os dois países —, "o que é anormal é a existência de uma guerra Estados Unidos/Iraque na situação em que o mundo vive".
Ao afirmar que se o PS estivesse no Governo jamais teria assinado o "documento dos oito", Ferro Rodrigues frisou também que "o país não mandatou o doutor Durão Barroso para fazer o alinhamento em quaisquer condições a favor da política dos Estados Unidos".
"Não houve pela parte do Governo português uma posição fundamentalmente preocupada em salvaguardar a possibilidade de a União Europeia ter uma política comum e única de defesa", sustentou o líder socialista.
Para Ferro Rodrigues, "depois de ter havido um estimulo por parte do Governo de sua majestade [Inglaterra], o primeiro-ministro português alinhou claramente numa 'démarche' totalmente dirigida pelo primeiro-ministro espanhol no sentido de criar uma fracção na União Europeia a favor de uma intervenção feita de qualquer maneira, sempre numa lógica de seguidismo em relação à Administração Bush".
O secretário-geral do PS, depois de recordar que países como a França, a Alemanha e a Bélgica "não têm essa posição", lamentou que até agora não tenha havido por parte do primeiro-ministro e do Executivo de Lisboa "a suficiente preocupação no sentido de salvaguardar uma política europeia na matéria".
"Vivemos um momento muitíssimo grave e eu não admito que se trate a questão da guerra como uma questão técnica. A guerra não é uma questão técnica, é algo que pode matar e liquidar dezenas de milhar de pessoas inocentes, daí estarmos até ao fim pela necessidade de desarmamento do Iraque mas em condições e com métodos que não envolvam a guerra", referiu.
Ferro Rodrigues sublinhou ainda que as Nações Unidas "têm tido até agora um papel positivo que tem permitido a pouco e pouco ir desarmando o Iraque", dai sustentar igualmente que "compete aos inspectores e não ao senhor Presidente Bush dizer se há condições ou não para prosseguir esse caminho e conseguir desarmar o Iraque com um processo pacífico".
Sobre a sua não presença física em manifestações contra a guerra, nomeadamente a de hoje, em Lisboa, Ferro Rodrigues disse que o PS "está hoje muito bem representado por Ana Gomes, mandatada para esse efeito".