Murteira Nabo disponibiliza-se para deixar a Portugal Telecom

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Murteira Nabo continuará como efectivo do grupo PT mas deverá, em breve, ser nomeado curador da Fundação Oriente Pedro Cunha/PÚBLICO

A carta, cujo teor será também do conhecimento de alguns membros do conselho de administração, reflecte um tom "formal mas amigável", segundo foi descrito ao PÚBLICO por um elemento conhecedor do seu conteúdo. Nela, o gestor afirma que a sua missão na empresa está realizada e, por isso, considera que é tempo de retirar-se.

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A carta, cujo teor será também do conhecimento de alguns membros do conselho de administração, reflecte um tom "formal mas amigável", segundo foi descrito ao PÚBLICO por um elemento conhecedor do seu conteúdo. Nela, o gestor afirma que a sua missão na empresa está realizada e, por isso, considera que é tempo de retirar-se.

Murteira Nabo, ontem contactado pelo PÚBLICO, recusou-se a comentar o teor da carta. O gestor, de 63 anos de idade, continuará como efectivo do grupo PT mas deverá, em breve, ser nomeado curador da Fundação Oriente, e eventualmente ocupar um cargo de relevo na COTEC, movimento para o desenvolvimento da inovação empresarial em Portugal que é patrocinado pelo Presidente da República.

Durante os dois mandatos, Murteira Nabo transformou a PT num grupo de infocomunicações através do desenvolvimento do negócio móvel, de aquisições no sector da Internet e dos media e, sobretudo, de uma ambiciosa estratégica de internacionalização que fez com que a empresa se tivesse transformado no maior operador móvel no Brasil.

Para o lugar de Murteira Nabo, os accionistas de referência e o Governo deverão indicar, na assembleia geral, o economista e ex-ministro das Finanças Ernâni Lopes, mas o seu nome ainda não foi oficializado.

Miguel Horta e Costa, presidente executivo ("CEO") da PT, admitiu ontem que Ernâni Lopes "daria um enorme contributo" à empresa e referiu a existência de uma relação de amizade entre ambos. Horta e Costa definiu o ex-ministro das Finanças como "uma figura nacional, de grande prestígio, com experiência na docência, na diplomacia, na política e na economia", e ainda como alguém que "tem ganho credibilidade a nível nacional".

Sobre a sua continuidade como presidente executivo da PT, Miguel Horta e Costa reconheceu a existência de "conversas informais" com os accionistas, mas escusou-se a acrescentar algo mais.

Ontem, Horta e Costa e Carlos Vasconcellos Cruz, presidente da PT Comunicações, apresentaram uma nova estratégia para o negócio fixo que, nos últimos anos, tem vindo a ser "canibalizado" pelos telemóveis, com consequente perda de receita. A estratégia, que passa pela introdução de novos serviços como a videotelefonia e por uma política agressiva de preços, "destina-se a captar mais tráfego para o fixo".

Miguel Horta e Costa mostrou-se "satisfeito" com o desempenho da PT em 2002, que quinta-feira irá divulgar os resultados anuais, e anunciou que em 2003 o investimento na rede fixa deverá atingir os 200 milhões de euros, um montante igual ao do ano passado e que representa cerca de dez por cento das receitas do grupo.