Sampaio: "Não se pode tolerar falta de verdade sobre as intenções das empresas"
Manifestando-se "vivamente impressionado" com a determinação das 80 funcionárias da empresa que há duas semanas vigiam 24 sobre 24 horas as instalações da Bawo por recearem o encerramento da fábrica, Jorge Sampaio assegurou às trabalhadoras que iria "mover esforços no sentido de ajudar a resolver a situação o mais rápido possível".
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Manifestando-se "vivamente impressionado" com a determinação das 80 funcionárias da empresa que há duas semanas vigiam 24 sobre 24 horas as instalações da Bawo por recearem o encerramento da fábrica, Jorge Sampaio assegurou às trabalhadoras que iria "mover esforços no sentido de ajudar a resolver a situação o mais rápido possível".
A sindicalista Leonilde Fátima alertou o Presidente da República que "os trabalhadores não podem continuar sem respostas toda a vida", revelando que foi marcada uma reunião com administração no próximo dia 20.
Para Jorge Sampaio, o caso da fábrica alemã e de tantas outras surge "num contexto económico difícil com agravamento do desemprego" e "num quadro de crescimento económico à escala internacional constantemente revisto em baixa".
No entanto, o chefe de Estado defende que o Governo deve ter "sensibilidade social" para estas situações e assegurar "o cumprimento estrito das normas do Estado de Direito", salientando que "não pode nunca haver qualquer dúvida sobre a necessidade de cumprimento de normas contratuais e que o respeito pela lei será assegurado".
Jorge Sampaio adverte que "a gestão moderna e responsável não é compatível com o secretismo nem com o escamotear dos problemas, sobretudo quando estão em causa pessoas, que não são coisas nem números". "O Estado de Direito responsável é um dos pilares do desenvolvimento, respeita os agentes económicos, nacionais e estrangeiros, mas também se faz respeitar", acerescentou.
A reintegração dos desempregados no mundo do trabalho deve ser tida como uma prioridade, segundo o Presidente, para quem devem ser "criadas condições, designadamente ao nível da educação de adultos, da formação e da inserção profissional".
A administração da Bawo informou as trabalhadoras de que iriam ter dez dias de férias, na penúltima sexta-feira, para no dia seguinte desmontar as máquinas da unidade de confecções. Porém, as funcionários activaram uma espécie de barricada para impedir a retirada do equipamento, estando desde então de vigília às instalações.
Em resposta à sua firmeza, a administração da Bawo instaurou um processo disciplinar às trabalhadoras com a justificação de que impediram a montagem de uma nova linha de produção.
Ultrapassado o alegado período de férias das operárias, a empresa continua de portas fechadas, sem avançar qualquer informação sobre o futuro da unidade, indica Leonilde Fátima.