Scolari pede tempo para ter equipa à sua imagem
"A minha primeira impressão é positiva, em termos de ambiente e relacionamento entre os jogadores e a nova equipa técnica, mas dois dias não dizem absolutamente nada, apenas dão para algumas confirmações e dúvidas", começou por afirmar "Felipão".
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"A minha primeira impressão é positiva, em termos de ambiente e relacionamento entre os jogadores e a nova equipa técnica, mas dois dias não dizem absolutamente nada, apenas dão para algumas confirmações e dúvidas", começou por afirmar "Felipão".
Esta é, segundo o técnico brasileiro, uma fase de estudo: "Este período serve para acumular conhecimentos e observar. Só daqui a um determinado tempo posso definir a equipa e o sistema, uma vez que não quero acelerar este processo apenas por causa de um jogo".
"Um resultado positivo seria uma maravilha, até porque Portugal não vence a Itália há 26 anos. Seria um primeiro passo para reforçarmos a nossa imagem junto dos adeptos. Os jogadores estão entusiasmados com a ideia, mas, por enquanto, não posso cobrar nada... espero que vocês [jornalistas] também não o façam", frisou.
As primeiras "imagens" foram do agrado do técnico brasileiro, mas este ainda não se sente em "casa": "Sou ainda considerado estrangeiro por muita gente. Por enquanto, tudo está óptimo, mas é preciso que os jogadores me conheçam, saibam o que pretendo deles".
"No Brasil, queixava-me de que apenas havia três dias para preparar um jogo e... aqui só tive dois", reforçou Scolari, explicando: "Tenho 12 ou 13 convocatórias e, quando for o Euro2004, vamos ter 25 dias para trabalhar, uma situação maravilhosa".
No que respeita à estreia, Scolari afirmou ter ainda dúvidas quanto ao "onze" a apresentar, acrescentando, porém, que em Génova "Portugal vai começar em 3x4x3", explicando que não lhe restavam grandes alternativas: "Nesta altura nem sei se podia jogar em 4x4x2, pois falta-nos um trinco excelente na marcação e no posicionamento, como é o Costinha (lesionado)".
"O Tiago e o Pedro Mendes têm outras características e o Luís Loureiro precisa de mais chamadas, para ganhar melhor entrosamento", explicou o homem que levou o Brasil ao "penta" no Mundial2002, acrescentando, porém, que "existe um esquema alternativo "4x2x2x2", que pode ser usado na segunda parte, mediante o andamento do jogo".
Em relação ao facto de a Itália estar desfalcada, nomedamente de Alessandro Del Piero, Chrisitan Vieiri e Francesco Totti, Scolari desvalorizou: "Os que jogarem são os melhores, embora tenham alguns lesionados, como acontece a Portugal".
"O Trapattoni [seleccionador de Itália] é bastante inteligente. Os jogadores que têm a primeira ou segunda oportunidade muitas vez produzem mais do que os que contam 50 ou 100 (jogos), pois estão a cumprir um sonho, um objectivo", lembrou Scolari.
O seleccionador nacional foi claro: "Vamos defrontar uma equipa forte, bem organizada e que sabe que não perde com Portugal há 26 anos (2-1, a 22 de Dezembro de 1976, em Lisboa)", disse, acrescentando: "Vamos trabalhar a parte emocional dos jogadores".
Jogadores com boa primeira impressão do seleccionadorLuís Figo e Fernando Couto afirmaram hoje que os primeiros contactos com o brasileiro Luiz Felipe Scolari, novo seleccionador de futebol de Portugal, têm sido "positivos", mas sublinharam que ainda é cedo para esperar mudanças.
Em véspera do jogo particular com a Itália, em Génova, e após o segundo treino sob orientação do técnico campeão do Mundo, Figo disse que Scolari "terá as suas ideias, quanto à forma de actuar da equipa e ao posicionamento dos jogadores", mas frisou que "em dois dias de trabalho é difícil mudar muita coisa".
O "capitão" Fernando Couto, da Lazio, partilha a mesma opinião: "Estamos a continuar o trabalho de Agostinho Oliveira. Scolari é um treinador com ideias claras. Vamos trabalhar para que possamos assimilá-las o mais rápido possível e pô-las em prática".
O extremo do Real Madrid acrescentou que é necessário "esperar pelo desempenho dos jogadores" - a começar pelo jogo com a Itália, o primeiro da "era" do técnico brasileiro - para que se possam começar a definir as coisas.
Classificado por Scolari, há pouco dias, como uma referência da selecção, Figo não sente mais responsabilidade por isso: "Se for uma referência, será para o bem e para o mal. Já estou habituado a isso".
"Todos somos responsáveis. E eu tentarei fazer o meu melhor. Mais do que isso não posso fazer. Ninguém pode dizer se o sucesso vai acontecer. Resta-nos trabalhar para isso", declarou.
Neste sentido, Figo advertiu que o caminho rumo ao Campeonato da Europa de Portugal2004 não será fácil: "Só nos encontramos uma vez por mês, durante dois dias, e é nesse espaço que temos de preparar-nos da melhor forma para o Euro2004".
Sobre o adversário de quarta-feira, Figo considera que "o mais difícil é marcar golos", porque a selecção italiana assenta o seu jogo numa "filosofia de não sofrer e joga muito bem defensivamente".
Para Fernando Couto, conhecedor do futebol transalpino, a Itália, apesar da fase de "renovação" que atravessa, "é uma grande selecção", que "joga sempre na procura do erro do adversário, com muitos homens atrás da linha da bola e possui um contra-ataque muito rápido".
Embora esteja em situação complicada na fase de qualificação para o Europeu, praticamente impedida de perder, a Itália - lembrou o defesa central - "consegue sempre os seus objectivos e está presente em quase todas as fases finais". "Um bom teste para Portugal", concluiu.