Supremo Tribunal de Itália anula absolvições no caso Ayrton Senna
O Supremo Tribunal considerou sem efeito a sentença emanada pelo Tribunal de Apelo e ordenou a repetição do processo em segunda instância, que julgou a alegada responsabilidade dos envolvidos na trágica morte de Senna, vítima de um aparatoso acidente a 1 de Maio de 1994, durante o Grande Prémio de São Marino em Fórmula Um, em Ímola (Itália).
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O Supremo Tribunal considerou sem efeito a sentença emanada pelo Tribunal de Apelo e ordenou a repetição do processo em segunda instância, que julgou a alegada responsabilidade dos envolvidos na trágica morte de Senna, vítima de um aparatoso acidente a 1 de Maio de 1994, durante o Grande Prémio de São Marino em Fórmula Um, em Ímola (Itália).
A 22 de Novembro de 1999, o Tribunal de Apelo decidiu pela absolvição, "por inexistência de responsabilidade", de Adrian Newey e Patrick Head, respectivamente chefe de projectos e director-geral da escuderia Williams na altura do acidente e acusados de homicídio involuntário.
Newey e Head já tinham sido absolvidos, em primeira instância, pelo Tribunal de omola, a 16 de Dezembro de 1997, na sequência de um processo iniciado a 20 de Fevereiro do mesmo ano e concluído com a absolvição das seis pessoas acusadas pela Procuradoria.
O juiz Antonio Costanzo absolveu também os italianos Federico Bendinelli, Girogio Poggi (ambos responsáveis pelo circuito de Ímola na altura do acidente) e o belga Ronald Bruynseraede (inspector da Federação Internacional do Automóvel para o Grande Prémio de São Marino).
Nestas absolvições, Antonio Costanzo considerou que o estado da pista do circuito italiano não foi "de forma alguma responsável" pelo despiste do Williams conduzido por Ayrton Senna.
Quanto a Newey, Head e Frank Williams, "patrão" da escuderia, o mesmo juiz considerou que os três responsáveis da equipa "não cometeram nenhum delito".
No entanto, e apesar de não implicar qualquer condenação aos responsáveis da Williams, a fórmula de absolvição não agradou ao proprietário da escuderia britânica, pois considerou que a mesma colocava algumas "dúvidas" relativamente ao desenho e projecto do veículo, especialmente a barra de direcção, que se partiu e deu origem ao despiste mortal.
Segundo a Procuradoria, a barra de direcção não estaria bem soldada e acabou por ceder ao esforço, originando o despiste de Senna na curva Tamburello, com o Williams a esbarrar violentamente contra o muro de protecção.
Na violenta colisão, um dos braços da suspensão de uma roda partiu-se o perfurou a viseira do capacete de Senna, originando a morte do piloto brasileiro.
O juiz Antonio Costanzo absolveu Head e Newey porque considerou que ambos não podiam ser responsabilizados pelo desenho de uma barra de direcção mal projectada por outros engenheiros da escuderia.
Este acórdão não agradou a Frank Williams, que decidiu recorrer da sentença, solicitando uma fórmula de absolvição que não deixasse "nenhuma mancha" na sua escuderia, já que sempre defendeu que a morte de Senna teve origem numa infeliz conjugação entre excesso de velocidade e a quebra do braço de suspensão.
Ao mesmo tempo, também a Procuradoria apresentou recurso contra a sentença de absolvição a Newey e Head, solicitando um ano de prisão, com pena suspensa, para ambos.
Meses depois, a terceira secção do Tribunal de Apelo decretou a absolvição dos dois implicados por "inexistência de responsabilidade", o que acabou por agradar a Frank Williams.
No entanto, a Procuradoria voltou a apresentar recurso para o Supremo Tribunal, que agora decidiu deferir o pedido e anular a sentença da segunda instância, considerando terem existido irregularidades na sentença decretada pelo Tribunal de Apelo, que deverá agora julgar novamente o processo, nunca antes do próximo Verão.