2002 foi o segundo ano mais quente desde 1860
A temperatura média à superfície do planeta em 2002 ultrapassou em 0,5 graus Celsius a média calculada para o período 1961-1990.
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A temperatura média à superfície do planeta em 2002 ultrapassou em 0,5 graus Celsius a média calculada para o período 1961-1990.
Até à data, 1998 continua a ser o ano mais quente desde o início da medição da temperatura, em 1860. 2001 ocupa o terceiro lugar na lista.
A OMM confirma que o planeta aqueceu a um ritmo acelerado. A sua temperatura média aumentou desde 1976 a um ritmo três vezes superior ao que prevaleceu durante um século.
O aumento global desde 1990 atingiu os 0,6 graus, sendo que os nove anos mais quentes foram registados depois dessa data.
Segundo Kenneth Davidson, que dirige o programa de estudo do clima na OMM, este aquecimento rápido "não tem precedentes no período de mil anos", para o qual há meios credíveis de controlo (extracção de amostras de gelo, exame a anéis de crescimento das árvores e análise dos lodos dos fundos marinhos).
Para os responsáveis da organização, o aquecimento deve-se, essencialmente, à poluição atmosférica.
"Se não fizermos nada para evitar as emissões de gases com efeito de estufa, esta tendência [de aquecimento] vai continuar", salientou Hong Yan, secretário-geral adjunto da OMM.
Sinal do aquecimento, a cobertura de gelo do Oceano Árctico em Setembro deste ano foi a mais frágil para um mês de Setembro desde 1978, data das primeiras observações por satélite.
Matthew Manne, da Administração Americana para os Oceanos e Atmosfera, este fenómeno não faz subir muito o nível dos mares mas modifica as trocas de calor entre oceanos e atmosfera, o que "pode ter um impacte sobre o clima regional e até mesmo mundial".
No entanto, o estado da camada de ozono, que protege a Terra dos raios ultravioletas, melhorou em 2002. O buraco de ozono por cima da Antárctida foi o menos profundo desde 1988.
El Niño deverá durar até Abril de 2003A OMM estima que determinadas anomalias climáticas constatadas em 2002 - Primavera glacial no Canadá, fortes chuvas no Este de África, seca na Austrália - podem ser explicadas por "um episódio de El Niño de intensidade moderada".
"As condições ligadas ao El Niño deverão continuar até Abril de 2003", avança Kenneth Davidson. Este perito prevê chuvas anormalmente abundantes no Noroeste da América Latina e uma seca persistente na Argentina, Uruguai e África Austral.
Entre as aberrações climáticas detectadas este ano, a OMM menciona ainda o Verão mais quente na Suécia desde 1860, as inundações recorde na Alemanha e Áustria em Agosto, as chuvas diluvianas no Sul da França e tempestades tropicais duas vezes mais frequentes nas costas atlânticas dos Estados Unidos.