Jimmy Carter recebe Prémio Nobel da Paz 2002

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Carter foi distinguido pelos "esforços infatigáveis" a favor da paz Bjoern Sigurdson/EPA

Carter, de 78 anos, recebeu o prémio das mãos do Presidente do Comité Nobel, Gunnar Berge, numa cerimónia solene que contou com a presença do rei Harald e da rainha Sonja da Noruega.

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Carter, de 78 anos, recebeu o prémio das mãos do Presidente do Comité Nobel, Gunnar Berge, numa cerimónia solene que contou com a presença do rei Harald e da rainha Sonja da Noruega.

"Jimmy Carter não ficará provavelmente na história americana como o Presidente mais eficaz, mas é certamente o melhor ex-Presidente que o país jamais teve", declarou Berge no discurso de abertura da cerimónia.

O presidente do Comité Nobel Norueguês lembrou ainda que Carter esteve à beira de partilhar, em 1978, o galardão com o então Presidente egípcio, Anwar Sadat, e com o primeiro-ministro israelita Menahem Begin. O ex-Presidente norte-americano, que mediou o histórico acordo de paz entre o Egipto e Israel, só não foi contemplado na altura porque a sua candidatura foi entregue depois da data limite.

Aquando do anúncio do Prémio Nobel da Paz 2002, o comité norueguês justificou a atribuição do galardão ao antigo Presidente democrata pelas "décadas de esforços infatigáveis a favor de uma resolução pacífica dos conflitos internacionais, do progresso da democracia e dos direitos do Homem e da promoção do desenvolvimento económico e social".

Na altura, o presidente do comité Nobel foi mais longe ao explicar que a distinção representava também uma crítica à política internacional da actual Administração norte-americana, em particular em relação ao Iraque, onde se admitia a hipótese de uma acção unilateral dos EUA.

Carter contra "guerra preventiva

No discurso de aceitação do prémio, Jimmy Carter também não esqueceu a questão, numa altura em que os EUA multiplicam os preparativos para uma eventual intervenção armada contra o regime de Saddam Hussein.

"Devemos lembrarmo-nos hoje que há pelo menos oito potências nucleares na Terra e três delas ameaçam os seus vizinhos em regiões onde as tensões internacionais são grandes", alertou.

"No caso das grandes potências, aderir ao princípio da guerra preventiva poderia criar um precedente que pode ter consequências catastróficas", acrescentou.

Sem nunca criticar directamente a política da actual Administração, o Nobel da Paz 2002 reafirma a importância de os conflitos serem resolvidos por intermédio das Nações Unidas num quadro de legalidade internacional. "É claro que os desafios globais devem ser tratados pondo o ênfase na paz, na harmonia com os outros, nas fortes alianças e no consenso internacional. Não há dúvidas de que isto poderá ser melhor alcançado através das Nações Unidas, por muitas imperfeições que esta tenha", declarou.

Ainda assim, o antigo Presidente norte-americano insistiu na necessidade de o Iraque se desarmar, neutralizando todas as armas de destruição maciça e não impedindo o acesso dos inspectores da ONU aos locais suspeitos de fabricar ou armazenar este tipo de armamento.