CGTP: Um milhão e 700 mil trabalhadores aderiram à greve

Foto
PSD e CDS-PP apenas reconhecem forte adesão à greve pelos trabalhadores do sector dos transportes André Kosters/Lusa

Para o secretário-geral da intersindical que convocou o protesto, Carvalho da Silva, os números de adesão avançados são contabilizados a partir da informação prestada por piquetes de greve em 830 empresas e por visitas a 718 locais onde funcionam serviços da Administração Pública.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Para o secretário-geral da intersindical que convocou o protesto, Carvalho da Silva, os números de adesão avançados são contabilizados a partir da informação prestada por piquetes de greve em 830 empresas e por visitas a 718 locais onde funcionam serviços da Administração Pública.

"O Código do Trabalho é uma fonte de conflitos e instabilidade social", sublinhou o sindicalista numa conferência de imprensa destinada ao balanço global da greve.

Perante os números de participação no protesto na posse da CGTP-IN, Carvalho da Silva diz esperar que "as forças políticas assumam a sua responsabilidade", para que as empresas portuguesas possam apostar na inovação e os trabalhadores recebam formação profissional.

O líder da CGTP defendeu também que a sistematização da legislação laboral deve ser feita para, em seguida, e num clima de "diálogo sério", se proceda à modernização das leis.

A intersindical tem agendado para 19 de Dezembro um conselho nacional para discutir aquilo que considera ser os problemas do país e as propostas do Governo e já solicitou à UGT uma reunião, onde deverá apenas ser discutido o decreto preambular do Código do Trabalho.

"Governo está no caminho certo"

Apesar da CGTP-IN sustentar que a greve geral foi a prova dada ao Governo do descontentamento dos trabalhadores quanto às propostas de alteração da legislação laboral, a maioria parlamentar - PSD e CDS-PP - mantêm a confiança nas linhas governativas para o sector do trabalho.

"O Governo sai daqui [da greve geral] com mais responsabilização e empenho", defendeu o dirigente democrata-cristão Luís Nobre Guedes, aos jornalistas, acrescentando que o protesto de hoje permitiu ao Governo "ter a consciência de que está no caminho certo".

"O Governo implementou as reformas que devia ter implementado, o Governo está no caminho certo e vai conseguir ultrapassar as dificuldades, com a ajuda dos que fizeram greve e dos que não fizeram, que foram a maioria", argumentou Nobre Guedes.

Para o dirigente do CDS-PP a greve esteve "longe de corresponder a qualquer protesto geral", admitindo que se não fosse o sector dos transportes, "a greve nem se tinha sentido".

Também o vice-presidente do PSD, Pedro Santana Lopes, considerou que o nível de adesão a esta greve foi inferior à última realizada pela Função Pública e que os valores mais elevados apenas se registaram entre os trabalhadores dos transportes.

Santana Lopes, que falava no final da reunião da comissão política nacional do PSD, defendeu que "uma grande franja dos portugueses demonstrou querer exercer o seu direito ao trabalho".

"A nossa posição é de serenidade, amanhã o país volta a ser o mesmo. Foi uma espécie de dia sem carros, mas ao contrário", observou o autarca de Lisboa.

A "atitude de querer fazer uma greve e o país parar e depois tudo voltar à mesma" é, na opinião do vice-presidente do PSD, "algo mais próprio do museu da política" e "deslocado no tempo".

No documento saído do final do encontro dos sociais-democratas, o PS foi alvo de críticas. "O Partido Socialista tarda em assumir-se como principal partido da oposição, sujeitando-se a andar a reboque das iniciativas dos outros. E demonstra total ausência de Estado", avança a nota, acrescentando que a decisão da CGTP-IN "prejudica quem quer trabalhar e quer arranjar um emprego e não consegue".