Governo espanhol destaca 1500 militares para combater poluição
A intervenção directa dos militares, que durante a semana passada já deram apoio logístico aos voluntários, ocorre 25 dias depois da catástrofe do petroleiro que derramou nas costas da Galiza cerca de 20 mil toneladas, das 77 mil que transportava nos seus tanques.
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A intervenção directa dos militares, que durante a semana passada já deram apoio logístico aos voluntários, ocorre 25 dias depois da catástrofe do petroleiro que derramou nas costas da Galiza cerca de 20 mil toneladas, das 77 mil que transportava nos seus tanques.
O próprio vice-presidente do Governo, Mariano Rajoy, afirmou este fim-de- semana que é impossível neste momento calcular a quantidade de fuel derramado pois há manchas que estão à superfície e outras submersas, que poderão demorar tempo a emergir ou dar à costa.
O Governo espanhol espera que novas investigações sejam feitas à proa e à popa do Prestige, que se encontram a mais de 3 500 metros de profundidade, separadas cerca de quatro quilómetros. O submersível francês “Nautile” confirmou que uma das partes está a verter combustível por quatro orifícios e na outra também foi localizada uma greta. Este facto deitou por terra as hipóteses que indicavam que o fuleóleo poderia solidificar no fundo do oceano dadas as baixas temperaturas. O que se prova é que o combustível continua mais líquido do que a água e, se for libertado, dará inevitavelmente à superfície.
Na edição de hoje do jornal “Le Monde”, especialistas do Centro de Investigação Experimental de Contaminação por Acidentes (CEDRE) acreditam que a pressão a que estão sujeitos os tanques do “Prestige” acabará por provocar uma catástrofe ainda maior do que aquela que já se observa ao longo da costa galega. Segundo o mesmo diário, o “Nautile” detectou uma grave deformação no casco do petroleiro provocada pela forte pressão a que está a ser submetido a 3500 metros de profundidade.
Governo espanhol debaixo de fogoEntretanto prosseguem as críticas ao Governo espanhol pela descoordenação e pela demora em adoptar medidas para combater a maré negra, entre elas por não ter mobilizado há mais tempo as Forças Armadas.
Vários pontos da costa galega, sobretudo a zona das ilhas Cies, continuam altamente afectadas pela maré negra, pelo que ninguém se atreve a prognosticar quando poderá terminar a despoluição das costas e praias e muito menos se continuam a haver derrames.
Mas hoje a preocupação desloca-se em grande parte para as costas asturianas, onde, nas últimas horas, foram localizadas duas grandes manchas perto de Gijon, uma com cerca de 80 quilómetros quadrados e outra de 300 metros.
As manchas de fuel já chegaram durante a semana a diversas praias tanto das Asturias como de Cantábria e do País Basco, mas em menores dimensões do que as galegas.
Governo regional basco teme agravamento no golfo da GasconhaO governo regional basco teme que as manchas de fuelóleo referenciadas ao longo da costa norte de Espanha se estejam a dirigir para território costeiro da região, a leste do Golfo da Gasconha.
Num comunicado emitido hoje, o Governo afirma que "se pode falar de um mínimo de 2 000 a 3 000 toneladas" de fuelóleo que podem atingir a costa, sem contar com as manchas que não são visíveis.
"Os cenários negativos confirmam-se bem como a possibilidade de que se venham a agravar nos próximos dias", adianta a mesma fonte.
As correntes marinhas empurram tudo o que se encontra entre o litoral e cinco quilómetros da costa para leste, as costas bascas e francesas.
Até hoje de manhã, as autoridades francesas não detectaram quaisquer indícios de hidrocarbonetos na costa basca gaulesa.
Nas Astúrias estão já poluídas 75 praias e mais de metade das 60 praias da Cantábria foram igualmente afectadas pela maré negra provocada pelo petroleiro “Prestige”.