Baltazar Rebelo de Sousa, um patriota defensor da mudança

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Lusa

"Baltazar Rebelo de Sousa era um patriota, um homem que procurou sempre servir Portugal", afirmou o primeiro-ministro, Durão Barroso, deixando o seu pesar ao filho do antigo ministro do Ultramar, Marcelo Rebelo de Sousa.

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"Baltazar Rebelo de Sousa era um patriota, um homem que procurou sempre servir Portugal", afirmou o primeiro-ministro, Durão Barroso, deixando o seu pesar ao filho do antigo ministro do Ultramar, Marcelo Rebelo de Sousa.

À TSF, Mário Soares recordou Rebelo de Sousa como "uma pessoa muito correcta e muito amável", que mereceu o seu "respeito e consideração", apesar de não terem partilhado o mesmo "percurso político".

Por sua vez, Pinto Balsemão lembrou uma personalidade que soube "manter-se com dignidade e com coragem sem abdicar daquilo que tinha sido" e que trouxe "alguma evolução política na questão ultramarina".

Apesar de "muito ligado ao regime de Salazar e Marcelo Caetano era das pessoas mais abertas, com quem se podia falar e que procurou contribuir para que se encontrassem outras soluções para o problema do Ultramar", argumentou o ex-primeiro-ministro.

Citado pela TSF, João Salgueiro, presidente da Associação Portuguesa de Bancos, referiu-se igualmente a Rebelo de Sousa como "uma personagem muito ligada ao regime", mas também afecto à "ala mais aberta à mudança".

Rebelo de Sousa "aliava uma preocupação com o futuro a bastante bom senso. A experiência que tinha nas áreas social e ultramarina podia ter tido mais influência", continuou o responsável.

O funeral de Baltazar Rebelo de Sousa realiza-se amanhã. O corpo sai às 14h00 da Igreja de Santa Isabel, em Lisboa, para o cemitério dos Prazeres.

Um dos políticos mais destacados do antigo regime

Baltazar Rebelo de Sousa foi uma das figuras mais destacadas do Estado Novo, assumindo-se como um reformista do regime fundado por Oliveira Salazar.

Governador de Moçambique entre 1968 e 1970, impulsionou a "africanização" do regime na ex-colónia portuguesa, evidenciando uma visão estratégica que viria mais tarde a ser elogiada pela própria Frelimo.

Regressado a Portugal, acumula os Ministérios das Corporações e Assistência Social e da Saúde e Assistência, seguindo uma política de alargamento da rede de cuidados médicos e melhoria das estruturas hospitalares. Um conjunto de medidas que o situaram na "esquerda" do regime.

Em 1973, Marcelo Caetano, incontornável referência no percurso político de Baltazar Rebelo de Sousa, nomeia-o ministro do Ultramar, cargo que desempenhava aquando do 25 de Abril de 1974. Após a "Revolução dos Cravos" exilou-se no Brasil em Junho de 1974, onde permaneceu durante 17 anos.

Foi igualmente comissário da Mocidade Portuguesa e deputado em várias legislaturas do antigo regime. Por escolha de Caetano, assume a vice-presidência da Acção Nacional Popular, o partido único no final do regime.

Antes da vida política já este médico, natural de Lisboa e licenciado em Medicina e Cirurgia, havia desenvolvido um vasto currículo.

Especialista em Medicina Sanitária e Tropical, destaca-se a sua actividade como professor do Instituto do Serviço Social de Lisboa, inspector-médico dos serviços Médico-Sociais e membro da direcção da Associação do Serviço Social de Lisboa.