Casa Pia: Sampaio diz que não serão poupadas diligências nas investigações

Foto
"É preciso que as investigações e o funcionamento da justiça assegurem aos portugueses que se vai até ao fim", diz Sampaio João Relvas/Lusa

"Os processos judiciais que tiverem de ser levantados, serão levantados. As investigações serão feitas e não se pouparão diligências", garantiu Jorge Sampaio aos jornalistas à margem da conferência "Cruzamento de Saberes, Aprendizagens Sustentáveis", organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

"Os processos judiciais que tiverem de ser levantados, serão levantados. As investigações serão feitas e não se pouparão diligências", garantiu Jorge Sampaio aos jornalistas à margem da conferência "Cruzamento de Saberes, Aprendizagens Sustentáveis", organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Para o chefe de Estado, "é preciso que as investigações e o funcionamento da justiça assegurem aos portugueses que se vai até ao fim. Os portugueses precisam de ter confiança na justiça".

"É preciso proteger as vítimas e os queixosos. Precisamos contar com eles, mas é necessário que a sua auto-estima não seja liquidada", defendeu também Sampaio.

Outra das preocupações do Presidente da República é a própria Casa Pia."Conhecendo as tradições e o bem que a instituição tem feito, é preciso ajudá-la a sair deste momento difícil", afirmou.

Acompanhamento para ex-alunos

Por seu lado, Daniel Sampaio (médico e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e participante na conferência) manifestou preocupação, sobretudo, com os antigos alunos da Casa Pia, alegadamente vítimas de pedofilia.

Os actuais alunos da instituição devem ter acompanhamento, mas este deve estender-se também aos ex-alunos, defendeu.

Os antigos alunos "são pessoas que construíram a sua vida em segredo e as revelações agora feitas no seio das suas actuais famílias constituem um risco. Estão a reviver situações muito traumáticas", disse.

Segundo o mesmo especialista, o problema de abuso sexual é muito mais frequente do que as pessoas imaginam.

Carlos Silvino, conhecido por "Bibi", ex-funcionário da Casa Pia de Lisboa, está — desde ontem — em prisão preventiva, por suspeita de abuso sexual de menores.

Ontem, também o primeiro-ministro, Durão Barroso, manifestou-se indignado com as suspeitas de pedofilia na Casa Pia, afirmando que o Governo solicitou à Procuradoria-Geral da República o "esclarecimento cabal" do caso.

O caso de pedofilia na Casa Pia de Lisboa foi revelado no sábado através de uma investigação jornalística conjunta do semanário "Expresso" e da SIC, desenvolvida pelos jornalistas Felícia Cabrita e Miguel Ribeiro.