Renovadores comunistas repetem críticas à direcção do PCP

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Os chamados renovadores comunistas insistiram na necessidade do PCP realizar um congresso antecipado André Kosters/Lusa

O ex-dirigente comunista Edgar Correia iniciou o debate, retomando uma das bandeiras do chamado grupo renovadores, ao insistir na necessidade do PCP realizar um congresso antecipado "sem exclusões".

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O ex-dirigente comunista Edgar Correia iniciou o debate, retomando uma das bandeiras do chamado grupo renovadores, ao insistir na necessidade do PCP realizar um congresso antecipado "sem exclusões".

Sobre o tema proposto para discussão, Edgar Correia afirmou que a criação de uma alternativa ao Governo de direita passa pela convergência entre os partidos de esquerda.

Mas a maioria dos intervenientes no debate não resistiu à "tentação" de insistir nas críticas à direcção do PCP. Carlos Luís Figueira — que juntamente com Edgar Correia foi expulso pelo secretariado do partido em Julho passado — aproveitou para criticar "a capacidade de adivinhação" do secretário-geral comunista que, numa entrevista à RTP, teria dito que os renovadores se preparavam para criar um novo partido. O ex-dirigente comunista sublinhou que as iniciativas promovidas pelo "Fórum da Renovação Comunista" não visam criar outro partido, mas antes transformar o PCP.

Por seu lado, João Amaral sustentou que o partido deve superar "a prática do centralismo democrático", que disse ser "um centralismo burocrático" e um "esquema velho e manhoso para que a direcção se mantenha eternamente".

Criticando as políticas do actual Governo, em especial no que diz respeito à legislação do trabalho e à segurança social, o presidente da Assembleia Municipal de Lisboa acusou o PCP de "ter ignorado os perigos da direita".

Partilhando esta visão, Carlos Brito (suspenso do partido por dez meses) criticou a resolução política aprovada no último congresso do PCP por "não ter tido a percepção do perigo da direita regressar ao poder". Durante as mais de quatro horas que durou o debate, os participantes sublinharam que o PCP deve ser um partido "capaz de disputar o poder", aproximando-se de outros eleitores; insistiram na necessidade da actual direcção reconhecer que está "historicamente ultrapassada"; defenderam a urgência de um processo de refiliação dos militantes e lamentaram o afastamento das estruturas de militantes conotados com a ala renovadora do partido.

No próximo dia 29, o movimento — que hoje deu a conhcer o seu símbolo (uma bandeira vermelha com uma estrela branca cortada ao meio) — vai organizar um novo debate, mas desta vez no Porto.