BSE não estará erradicada em Portugal tão cedo como se previa

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Alexandre Galo destaca a importância da realização de testes rápidos aos animais Carsten Rehder/DPA

"A BSE não estará erradicada em Portugal em 2003, como não o estará em lado nenhum do mundo. Vamos ter de aprender a viver com esta doença muito mais tempo do que era esperado", afirmou o director do LNIV.

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"A BSE não estará erradicada em Portugal em 2003, como não o estará em lado nenhum do mundo. Vamos ter de aprender a viver com esta doença muito mais tempo do que era esperado", afirmou o director do LNIV.

Na altura em que as previsões do então ministro da Agricultura Capoulas Santos apontavam 2003 como o ano para a erradicação da doença não eram ainda conhecidos os testes rápidos para detectar a BSE.

"A maior parte dos casos que encontramos em todo o mundo são casos detectados pelo teste rápido. Então, aparece-nos um número considerável de casos que de outra forma não iríamos encontrar", justifica Alexandre Galo.

"A parte grave desta situação é que se não existissem estes testes rápidos os casos positivos [da doença] estavam na cadeia alimentar", explica, acrescentando que de 1990 a 1995 terão entrado na cadeia alimentar portuguesa mais de 12 mil animais infectados com a doença das vacas loucas.

Fase crítica da doença já passou

Os testes rápidos só foram introduzidos em Portugal em Março de 2001 e não há ainda nenhuma estimativa de quantos animais infectados com BSE terão entrado para consumo entre 1995 e 2001. "Este estudo estatístico está por fazer", frisa o director do LNIV.

Contudo, o mesmo responsável diz que a "fase crítica da doença foi entre 1990 e 1995".

Relativamente às questões científicas que envolvem a BSE, a contaminação do leite é uma das que deverá merecer mais atenção. "Todos os ensaios que foram feitos têm resultados negativos. No entanto, os cientistas nunca dizem que o leite não é infeccioso", salientou.

"Há uma forma habilidosa de fugir à questão, dizendo: não há provas de que o leite seja infeccioso", concluiu.