Aquecimento global provoca recuo de vários quilómetros dos glaciares no Árctico
"Os glaciares terrestres recuaram entre um a dois quilómetros, mas a redução é bem mais visível para os glaciares que cobrem os fiordes. Um deles chegou mesmo a recuar dez quilómetros nos últimos 80 anos", explicou Jon Ove Hagen, professor de glaciologia na Universidade de Oslo.
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"Os glaciares terrestres recuaram entre um a dois quilómetros, mas a redução é bem mais visível para os glaciares que cobrem os fiordes. Um deles chegou mesmo a recuar dez quilómetros nos últimos 80 anos", explicou Jon Ove Hagen, professor de glaciologia na Universidade de Oslo.
Este fenómeno parece indicar que os níveis crescentes de poluição e de emissões de gases com efeito de estufa, nas últimas décadas, não tiveram tanto impacto nas Svalbard como noutros glaciares do Árctivo, segundo o investigador.
"São os glaciares e os gelos marítimos os melhores indicadores do sobre-aquecimento global", acrescentou.
"Constatámos, ao longo dos últimos 80 anos, que os glaciares recuaram a um ritmo regular. Em Svalbard, comparado com outros locais do Árctico, o recuo dos gelos não aumentou durante os últimos 30 anos", disse.
Existem importantes diferenças regionais quanto aos efeitos do sobre-aquecimento global dos gelos do Árctico. "A Oeste da Noruega, os gelos aumentaram de volume durante os últimos dez anos", exemplificou.
De acordo com os dados lançados pelo IPCC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas) a 22 de Janeiro de 2001, o gelo do mar Árctico diminuiu dez a quinze por cento e as camadas de gelo dos lagos e rios em latitudes elevadas durou menos duas semanas do que em 1850.
Mas não é apenas nos polos que derretem as camadas geladas.
Segundo a World Wild Found for Nature (WWF), os glaciares dos Alpes Europeus já perderam metade do seu volume desde 1850. No continente africano, 82 por cento do gelo do monte Quilimanjaro, a montanha mais alta de África, já desapareceu desde 1912, sendo que 33 por cento se derreteu nas últimas duas décadas.
Também no continente americano se registam recuos. O pico de neve de Quelccaya, nos Andes Peruanos, diminuiu 20 por cento desde 1963, segundo uma investigação sob os auspícios do Programa Internacional da Geosfera-Biosfera.