Tudo converge para um estado de graça

Uma realização superior, um argumento inteligente, actores notáveis: "Sabe-se Lá!" é um daqueles filmes em que tudo converge para um estado de graça. Com soberba fluidez e vivacidade, Jacques Rivette transita entre o teatro e a vida - uma actriz francesa regressa a Paris, onde reencontra o ex-companheiro de uma relação que acabou mal, ao mesmo tempo que representa, em palco, uma heroína de Pirandello numa farsa amorosa -, diluindo as distâncias entre os dois, de tal forma que, quando chegamos à magnífica e grandiloquente cena final, em que todas as personagens se cruzam no palco, sob o movimento da câmara, já não sabemos onde estamos. É impossível não ver aqui uma rima com "Le Carrosse d'Or" (1952), de Renoir, e o solilóquio final de Anna Magnani no palco. Irresistivelmente divertido, sabe-se lá quando é que um filme tão gracioso e obrigatório nos volta a aparecer.

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Uma realização superior, um argumento inteligente, actores notáveis: "Sabe-se Lá!" é um daqueles filmes em que tudo converge para um estado de graça. Com soberba fluidez e vivacidade, Jacques Rivette transita entre o teatro e a vida - uma actriz francesa regressa a Paris, onde reencontra o ex-companheiro de uma relação que acabou mal, ao mesmo tempo que representa, em palco, uma heroína de Pirandello numa farsa amorosa -, diluindo as distâncias entre os dois, de tal forma que, quando chegamos à magnífica e grandiloquente cena final, em que todas as personagens se cruzam no palco, sob o movimento da câmara, já não sabemos onde estamos. É impossível não ver aqui uma rima com "Le Carrosse d'Or" (1952), de Renoir, e o solilóquio final de Anna Magnani no palco. Irresistivelmente divertido, sabe-se lá quando é que um filme tão gracioso e obrigatório nos volta a aparecer.