Angola tem entre quatro a cinco milhões de minas terrestres activas

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As minas e a guerra deixaram Angola com cerca de 80 mil mutilados Miguel Silva

"Não nos podemos esquecer que, na região da África Austral, Angola é um dos países mais gravemente afectado, com uma estimativa de quatro a cinco milhões de minas terrestres. Possui lamentavelmente cerca de 80 mil mutilados", afirmou o ministro na abertura dos trabalhos da VII reunião do Comité de Acção Contra as Minas da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). No encontro, Kussumu forneceu dados estatísticos actuais sobre acidentes provocados por minas terrestres e engenhos explosivos não detonados. Os números indicam que cerca de 30 por cento das pessoas atingidas na explosão destes engenhos morreram e 70 por cento ficaram mutilados, numa média de 60 acidentes por mês.

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"Não nos podemos esquecer que, na região da África Austral, Angola é um dos países mais gravemente afectado, com uma estimativa de quatro a cinco milhões de minas terrestres. Possui lamentavelmente cerca de 80 mil mutilados", afirmou o ministro na abertura dos trabalhos da VII reunião do Comité de Acção Contra as Minas da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). No encontro, Kussumu forneceu dados estatísticos actuais sobre acidentes provocados por minas terrestres e engenhos explosivos não detonados. Os números indicam que cerca de 30 por cento das pessoas atingidas na explosão destes engenhos morreram e 70 por cento ficaram mutilados, numa média de 60 acidentes por mês.

Dados do Instituto Nacional de Remoção de Objectos Explosivos (Inaroe) indicam que entre Janeiro e Junho registaram-se 82 acidentes com minas, sendo as províncias de Huambo, Benguela e Malange as mais atingidas.

O ministro defendeu que apesar dos progressos alcançados pelo programa de sensibilização das populações, as minas terrestres continuam a matar e a ferir angolanos já que, devido às dificuldades de sobrevivência, as populações são obrigadas a procurar recursos em zonas minadas. O governante salientou ainda que apesar do regresso da paz a Angola, o regresso dos refugiados às suas aldeias não poderá ser bem sucedido sem que sejam desenvolvidas acções de desminagem sistemáticas.

PAM quer alimentar um milhão e meio de angolanos este ano

A assistência alimentar aos deslocados de guerra e aos aquartelamentos onde foram concentrados os militares da UNITA e seus familiares é outra das grandes preocupações das autoridades de Luanda e das organizações humanitárias. Hoje o Programa Alimentar Mundial anunciou que espera conseguir alimentar cerca de um milhão e meio de angolanos. "Estamos a alimentar um milhão e cem mil angolanos e esperamos conseguir alimentar até ao final do ano um milhão e meio", afirmou Marcelo Spina, porta-voz do PAM em Angola.

De acordo com o responsável, este número incluiu as centenas de milhares de refugiados que regressaram ao país vindos do Congo, Zambia e Namíbia. "Isto é uma consequência directa da guerra. Angola tem um solo extremamente fértil e as condições atmosféricas têm sido normais", afirmou, destacando que outros 13 milhões de pessoas em seis países vizinhos necessitam urgentemente de ajuda alimentar devido às más condições climatéricas e a guerras.

Spina explicou que o fim da guerra em Angola permitiu à agência enviar equipas a áreas até aí inacessíveis para averiguar as necessidades das populações locais. "Em Abril e Maio enviámos 28 missões a estas 14 áreas críticas, onde existiam 200 mil pessoas a necessitar de ajuda alimentar urgente", explicou, adiantando que em três dessas áreas não foi ainda possível enviar ajuda alimentar devido à inexistência de infra-estruturas rodoviárias.

O responsável adiantou que para os próximos meses o PAM vai desenvolver projectos orçados em 241 milhões de dólares. Luanda comprometeu-se a desenvolver ajudas complementares, calculadas em 60 milhões de dólares.