UNITA vai organizar encontro de dirigentes no mês de Julho

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Jonas Savimbi foi assassinado pelas forças leais ao Governo no dia 22 de Fevereiro Miguel Souto/Lusa

Em declarações aos jornalistas após ter sido recebido pelo CDS-PP, na Assembleia da República, Paulo Lukamba "Gato" explicitou que no encontro vão estar presentes "os membros da missão externa do partido, elementos que fazem parte do Governo e do grupo parlamentar e quadros diversos, além dos principais comandantes militantes antes da desmilitarização".

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Em declarações aos jornalistas após ter sido recebido pelo CDS-PP, na Assembleia da República, Paulo Lukamba "Gato" explicitou que no encontro vão estar presentes "os membros da missão externa do partido, elementos que fazem parte do Governo e do grupo parlamentar e quadros diversos, além dos principais comandantes militantes antes da desmilitarização".

A reunião será "um fórum apropriado para resolvermos os nossos problemas antes do congresso", disse à TSF Paulo Lukamba "Gato".

Sobre uma eventual reconciliação com os elementos da UNITA-Renovada, Lukamba "Gato" afirmou que o movimento pretende resolver a questão internamente, "sem a interferência do Governo", segundo a Lusa. "Não queremos excluir ninguém, mas UNITA há só uma", sustentou, categórico. Segundo a TSF, o dirigente deu conta que elementos da facção renovada da UNITA — que abandonou a luta armada em 1998 — vão estar também presentes no encontro. "Estamos a trabalhar no sentido de reunificar a grande família da UNITA, uma UNITA una e indivisível", adiantou.

Lukamba "Gato", secretário-geral da UNITA, assumiu a coordenação da Comissão de Gestão após a morte do líder do movimento, Jonas Savimbi, assassinado pelas forças leais ao Governo no dia 22 de Fevereiro. A Comissão de Gestão da UNITA — que integra 18 membros — foi criada para colmatar a falta de liderança após as mortes de Jonas Savimbi e do vice-presidente do movimento, António Dembo, até à realização do congresso que elegerá um novo líder.

Após o encontro de hoje no Parlamento, o líder parlamentar do CDS-PP, Telmo Correia, lembrou "a relação histórica e tradicional" dos democratas-cristãos com a UNITA. "A paz em Angola só pode ser feita com a UNITA. A UNITA não é uma ficção, mas uma força indispensável em Angola, porque se encontra profundamente enraizada na sociedade angolana", considerou.

A delegação da UNITA está a efectuar uma digressão para expor a actual situação político-militar em Angola. O périplo começou nos Estados Unidos e passará também por França.

A UNITA assinou um pacto de cessar-fogo com o Governo do Presidente José Eduardo dos Santos em Abril. O congresso de 2003 deverá acelerar um acordo de paz em Angola, assolada por quase três décadas de guerra civil, e conduzir à passagem da UNITA a um partido de oposição.

Mais de um milhão de pessoas morreram nos 27 anos de conflito e cerca de um terço da população está deslocada.

Segundo as Nações Unidas, três milhões de angolanos precisam de ajuda. De regresso de uma missão de avaliação em Angola, o director-adjunto do Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), Ross Mountain, lançou um apelo aos doadores, afirmando ser necessária, para os próximos seis meses, uma ajuda humanitária orçada em 150 milhões de euros. "Precisamos de recursos suplementares para consolidar o processo de paz e, sobretudo, garantir que aqueles que sofrem possam sobreviver e ser reintegrados nas suas comunidades", declarou, citado pela AFP.

O responsável lançou ainda um apelo de cooperação com a ONU às organizações não governamentais com missões em Angola e à Cruz Vermelha.