Cinco partidos turcos comprometem-se a acelerar reformas com vista à adesão à UE

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Devlet Bahceli (à dir.) garantiu que a oposição do MHP às reformas não tenciona gerar uma crise no seio da coligação governamental Burhan Ozbilici/AP

Os líderes concordaram "finalizar com urgência o trabalho parlamentar que visa desenvolver novas aberturas" que alinharão a Turquia pelas normas europeias, comunicou o porta-voz presidencial, Tacan Ildem.

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Os líderes concordaram "finalizar com urgência o trabalho parlamentar que visa desenvolver novas aberturas" que alinharão a Turquia pelas normas europeias, comunicou o porta-voz presidencial, Tacan Ildem.

A decisão foi tomada durante uma cimeira organizada pelo Presidente turco, Ahmet Necdet Sezer, com o objectivo de resolver os diferendos entre os vários partido no que diz respeito a assuntos-chave como a abolição da pena de morte, o ensino e a criação de uma televisão em curdo, para a minoria étnica da Turquia com o mesmo nome. O porta-voz presidencial não pormenorizou quais os diferendos que foram resolvidos e se houve questões por solucionar.

A cimeira ficou marcada pela ausência do primeiro-ministro turco, que se encontra doente. Bulent Ecevit não aparece em público desde 28 de Maio e não comparece no seu gabinete há mais de um mês. O líder do Partido da Justa Via (DYP, centro-direita, principal partido da oposição), Tançu Ciller, não compareceu também ao encontro, por considerar que a doença de Ecevit criou "um vazio de Governo".

A reunião contou ainda com a resistência do partido Acção Nacionalista (MHP, extrema-direita), segunda força política no Parlamento turco e membro do Governo.

O MHP defende a condenação à morte do líder curdo Abdullah Ocalan, condenado à pena capital em 1999 por traição e separatismo. Além disso, o partido de extrema-direita considera que a concessão de direitos culturais à minoria curda — exigida pela UE — acarreta riscos de separatismo. Assim, o líder do MHP e vice-primeiro-ministro, Devlet Bahceli, reiterou a oposição do partido às reformas com vista à integração da UE e ameaçou mesmo demitir-se do Governo "se necessário".

No entanto, Devlet Bahceli garantiu que a oposição do MHP não tenciona gerar uma crise no seio da coligação governamental formada por três partidos. "Se o Partido da Esquerda Democrática e o Partido da Mãe-Pátria chegarem a um compromisso com os outros partidos no Parlamento para fazer passar as leis de reformas, não vamos tornar a questão num problema governamental", assegurou.

Os restantes líderes decidiram que o Parlamento turco deve ter a última palavra sobre as reformas e comprometeram-se a apresentar o mais rapidamente possível os projectos de lei com vista à realização das mesmas, com ou sem o apoio do MHP.

A declaração comum adoptada na cimeira apela ainda à UE que concentre a "atenção e sensibilidade adequadas às mudanças que serão adoptadas pela Turquia".

A Turquia é o único país candidato à adesão — formalizada em 1999 — que ainda não abriu negociações com vista à integração no espaço da UE, sendo, por isso, o Estado mais atrasado entre os dez que beneficiarão futuramente do alargamento. Ancara pretende, no entanto, iniciar as discussões com a UE até ao final do ano.

Sondagens realizadas na Turquia demonstram que a maioria da população deseja pertencer à UE, vendo a adesão como um caminho para a estabilidade e prosperidade de um país abalado por sobressaltos económicos e políticos na última década.