"O poder económico-financeiro está devidamente instalado no poder" , diz Carvalho da Silva
Com um leque de acções de contestação programadas, Carvalho da Silva promete que a CGTP não baixará os braços. Assume as limitações e os bloqueamentos do sindicalismo mas garante que os sindicalistas não são "uma espécie de Parque Jurássico". E adverte que "há teóricos das multinacionais que dizem que os sindicatos demoram nove anos a ter condições para responder" aos ataques feitos aos direitos dos trabalhadores.
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Com um leque de acções de contestação programadas, Carvalho da Silva promete que a CGTP não baixará os braços. Assume as limitações e os bloqueamentos do sindicalismo mas garante que os sindicalistas não são "uma espécie de Parque Jurássico". E adverte que "há teóricos das multinacionais que dizem que os sindicatos demoram nove anos a ter condições para responder" aos ataques feitos aos direitos dos trabalhadores.
P. - A CGTP promove, a 20 de Junho, uma jornada de luta. Qual a razão de fundo na base deste protesto?R. - O patronato e o Governo - aliás, o poder económico-financeiro está devidamente instalado no poder - estão determinados numa acção ou numa política contra os trabalhadores em várias frentes.
P. - A CGTP vai reivindicar algo em concreto nesse dia?R. - Temos três objectivos. É uma jornada por melhores salários e pelos direitos laborais e sociais, que estão profundamente atacados, e contra a injustiça social e fiscal, que se vai propagando de forma muito intensa.
P. - Sente que os trabalhadores estão mobilizados para essa acção?R. - Há determinação por parte dos trabalhadores, embora estejamos no início de um ciclo político, com problemas económicos, com repressões de uma dinâmica conservadora, retrógrada, que se propaga um pouco por toda a Europa e que tem aqui impactos grandes. Com a sociedade muito marcada pelo lucro, pelo consumo, a tarefa de consciencialização, mobilização e organização dos trabalhadores torna-se numa tarefa mais difícil do que noutra fase qualquer. Mas há mobilização em diversos sectores e uma grande expectativa sobre o movimento sindical, quer por parte dos trabalhadores, quer por parte da própria sociedade.
P. - Os trabalhadores vêem frutos imediatos da intervenção sindical, ou é mais uma crença que depois esbarra contra o muro?
R. - Há frutos claros, mesmo quando se está na fase actual, que é defensiva. Há um conjunto de direitos no trabalho, de cidadania, que foram sendo adquiridos, que estruturaram o que de melhor há na concepção da democracia que marca as sociedades mais avançadas e muitos desses direitos estão hoje postos em causa. Mesmo nesta fase defensiva, os trabalhadores sentem que vale a pena. Ainda ontem, tive uma experiência deste género, com os trabalhadores da Eres (empresa têxtil do Fundão): as trabalhadoras têm a percepção clara que aquilo não tem futuro, mas a sua determinação é de levar até às últimas consequências o esclarecimento e responsabilização do processo de encerramento. As lutas e as batalhas que o movimento sindical trava nunca são definitivas. Essa ideia do determinismo, que nos marcou a todos noutros contextos, hoje é claro que não existe.