Morreu a criadora da Barbie
Aos 85 anos, a criadora da boneca anatomicamente impossível – está provado que se as medidas da Barbie fossem transpostas para um ser humano, a mulher seria, no mínimo, deformada – morreu no Century City Hospital, segundo o “Los Angeles Times”, que cita fonte hospitalar.
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Aos 85 anos, a criadora da boneca anatomicamente impossível – está provado que se as medidas da Barbie fossem transpostas para um ser humano, a mulher seria, no mínimo, deformada – morreu no Century City Hospital, segundo o “Los Angeles Times”, que cita fonte hospitalar.
O marido de Ruth Handler, Elliot Handler, disse ao “LA Times” que a mulher morreu devido a complicações de uma operação ao cólon a que se submetera há três meses.
Barbie nasceu em 1959, com o nome herdado da filha de Ruth, Barbara. Com ela Ruth Handler nasceu também para a opinião pública, tornando-se um ícone americano. Com Barbie, a discussão nasceu. Não só pela novidade – até à criação da adolescente loira multifacetada, as bonecas eram figuras infantis ou quase assexuadas -, mas pelo símbolo que a boneca se tornou. Um fenómeno de vendas, com um milhão de milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, mas também um fenómeno cultural, analisado por estudiosos e cientistas sociais em várias épocas.
Barbie enfureceu as feministas, inspirou artistas e foi mesmo colocada na “Cápsula do Tempo da América”, enterrada em 1976.
“A minha filosofia global da Barbie foi que, através da boneca, cada menina pudesse ser aquilo que queria ser”, confessou Ruth Handler, que escreveu na sua autobiografia que, ao contrário do que acusam as feministas, a boneca de 29 centímetros (33 polegadas) “representa o facto da mulher ter escolhas”.
O casal Handler começou por conceber e vender tigelas de plástico, espelhos e outros acessórios domésticos, na década de 30. O negócio cresceu e, nos anos quarenta, os dois californianos criaram uma empresa de estruturas para molduras com Harold "Matt" Mattson.
A Mattel nasceu de um negócio lateral de fabrico de mobiliário para casas de bonecas a partir de bocados que sobravam das estruturas, devendo-se o nome ao "Matt" do sócio do casal e o “El” do nome do marido de Ruht. A empresa teve um sucesso rápido, conseguido com a guitarra “Uke-A-Doodle” e a pistola “Burp”.
Com Barbie, tudo parecia correr bem, até que na década de 70 a Mattel viu os Handler sair da empresa. Em 1978, Ruth foi processada por fraude e falsas declarações, acusação que não contestou e que lhe mereceu uma pesada multa.
Apesar de ficar para sempre conotada com a boneca dos mil ofícios, Ruth passou muitos anos da sua vida numa luta pouco cor-de-rosa – contra o cancro.
Mastectomizada em 1970, encetou a partir da década seguinte o seu novo negócio, no qual esteve envolvida até à sua morte: o fabrico de próteses mamárias.
História de Barbie, história de RuthAs histórias das duas mulheres, uma real, outra de plástico, cruzam-se em momentos essenciais. Foi com a criação de Barbie que Ruth Handler se celebrizou, dando o nome da sua filha à sua boneca. Veio a fortuna e vieram as diferentes versões da boneca, acessórios e equipamentos. Depois veio a família Barbie.
Ken, o namorado de Barbie, recebeu o nome do filho Ruth, que veio a morrer de tumor cerebral.
Stacie, Todd e Cheryl são outros nomes do clã de Barbie, amigos da boneca e netos de Ruth Handler.
A história dos EUA também cresceu um pouco com Barbie. Em 1969 foi criada e comercializada a primeira boneca “etnicamente correcta”: a amiga afro-americana de Barbie, Christie. A primeira Barbie negra surgiu em 1981, muitos anos antes de uma tal Naomi Campbell cruzar as passerelles.