Radioactividade continua a ser um perigo em Tchernobil
O combustível nuclear que resta no quarto reactor, encerrado dentro de um sarcófago de betão desde o acidente, continua a sofrer reacções em cadeia incontroláveis, mesmo depois da central ter deixado completamente de funcionar, em Dezembro de 2000. Como o sarcófago está cheio de rachas e buracos, a radioactividade continua a escapar-se. Mas não só: no perímetro da central ucraniana, há depósitos de materiais radioactivos em cerca de 800 locais, que continuam a contaminar o ambiente, afirmou Dmitri Grodzinski, um cientista da Academia das Ciências da Ucrânia, numa entrevista publicada ontem pelo diário "Izvéstia".
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O combustível nuclear que resta no quarto reactor, encerrado dentro de um sarcófago de betão desde o acidente, continua a sofrer reacções em cadeia incontroláveis, mesmo depois da central ter deixado completamente de funcionar, em Dezembro de 2000. Como o sarcófago está cheio de rachas e buracos, a radioactividade continua a escapar-se. Mas não só: no perímetro da central ucraniana, há depósitos de materiais radioactivos em cerca de 800 locais, que continuam a contaminar o ambiente, afirmou Dmitri Grodzinski, um cientista da Academia das Ciências da Ucrânia, numa entrevista publicada ontem pelo diário "Izvéstia".
"O combustível que está dentro do reactor destruído está a voltar a aquecer e do sarcófago estão a libertar-se poeiras radioactivas", declarou Grodzinski, que lidera a comissão nacional ucraniana para a segurança radioactiva. Segundo diz, os buracos e rachas têm já mais de um quilómetro de extensão. "O sarcófago foi feito à pressa, o betão montados em armadura, e está muito pouco firme, sobretudo se se levar em conta a instabilidade sismológica da região de Tchernobil", sublinha o cientista.
Quanto aos cerca de 800 locais onde estão depositados "centenas de milhares de metros cúbicos de materiais radioactivos", desde 1986, Grodzinski diz que seriam eficazes apenas durante cinco a seis anos.
As fugas radioactivas atingem águas subterrâneas e estão a contaminar o rio Dniepr - o principal rio da Ucrânia - alastrando para vastos territórios, sublinha o académico. No entanto, um representante do Ministério das Situações de Emergência ucraniano desmentiu a existência de fugas de radioactividade, em declarações à rádio Echo de Moscovo.
Mais de seis milhões de pessoas continuam a viver em zonas contaminadas em resultado da explosão de Tchernobil - 2,3 milhões de ucranianos, 1,8 milhões de russos e 1,6 milhões de bielorrussos, de acordo com estatísticas das Nações Unidas.
Russos contra importação de resíduosOs meios disponibilizados pelos governos da Ucrânia e por países ocidentais para a segurança da central de Tchernobil continuam a ser insuficientes ou mal aproveitados, dizem os peritos em segurança nuclear. A Rússia partilha com a Ucrânia a responsabilidade sobre a manutenção da central acidentada.
Hoje, data do 16º aniversário do acidente de Tchernobil, o partido liberal Iabloko da Rússia promove uma acção em 53 regiões russas, para chamar a atenção pública para o questão de Tchernobil e para os problemas da energia nuclear nacional em geral. Em destaque está também a decisão do Governo de Vladimir Putin de permitir a importação e armazenagem em território da Federação Russa de detritos nucleares estrangeiros, provenientes de centrais nucleares usadas para produzir energia em vários países.
Aliás, trinta militantes ecologistas russos foram já ontem detidos pela polícia em Moscovo, quando participavam numa manifestação na Praça Vermelha para protestar contra a importação de resíduos radioactivos. "Queríamos chamar à atenção Putin e o seu Governo", explicou Alissa Nikoulina, da União Sócio-ecológica, uma organização não governamental que agrupa pequenos grupos ecologistas de várias repúblicas da ex-União Soviética.
"É imoral não levar em conta a opinião da população,", sublinhou por seu lado Viktoria Kolesnikova, também desta organização. De acordo com várias sondagens, seis em cada dez russos opõem-se à importação de resíduos radioactivos, aprovada pelo Parlamento russo e pelo Executivo de Putin no ano passado.