Morreu a princesa Margarida (1930-2002)

Morreu a princesa Margarida, irmã da rainha Isabel II. A princesa, de 71 anos, foi vítima de um acidente vascular cerebral e morreu na manhã deste sábado, anunciou o Palácio de Buckingham num comunicado.

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A princesa Margarida, aos 23 anos, no dia da coroação da irmã Getty

"Ela morreu tranquilamente durante o sono cerca das 06h30 da manhã no Hospital King Edward VII", refere o comunicado que acrescenta que os filhos da princesa, "lord" Linley e "lady" Sarah Chatto, estavam ao seu lado.

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"Ela morreu tranquilamente durante o sono cerca das 06h30 da manhã no Hospital King Edward VII", refere o comunicado que acrescenta que os filhos da princesa, "lord" Linley e "lady" Sarah Chatto, estavam ao seu lado.

A princesa Margarida, fumadora inveterada, sofria de problemas cardíacos e já tinha sofrido três ataques semelhantes ao que hoje lhe tirou a vida.

Perfil

Princesa real e condessa de Snowdon, Margarida nasceu no Castelo de Glamis, na Escócia, a 21 de Agosto de 1930, tendo demonstrado nos primeiros anos de vida inclinação para a música.


O teatro e o ballet também despertaram grande interesse na princesa, que chegou a mostrar certos dotes para actriz e para o canto, além de dominar com facilidade o francês e o alemão.


Aos seis anos, compareceu, pela primeira vez, numa cerimónia oficial, para assistir à coroação dos seus pais, Jorge VI e Isabel, na abadia de Westminster, onde Margarida usou um manto de púrpura e uma pequena coroa de ouro.


Durante a II Guerra Mundial (1939-45), Margarida permaneceu os primeiros meses na residência régia de Balmoral, na Escócia, tendo-se mudado, posteriormente, com a sua irmã para Windsor.


Ao mesmo tempo que ingressava no movimento das "Raparigas Guias" - o equivalente feminino aos escuteiros -, Margarida continuava os seus estudos com Sir Henry Marten, director do colégio de Eton, debruçando-se, em particular, sobre as cadeiras de História, Economia e Direito Constitucional britânico.


Em Setembro de 1948, realizou a sua primeira viagem oficial aos estrangeiro, com a missão especial de representar Jorge VI na coroação da rainha Juliana da Holanda.


De 6 a 12 de Junho de 1959 a princesa Margarida deslocou-se a Portugal, para visitar a Feira da Federação britânica das Indústrias.


Aos 18 anos, a princesa Margarida começou a fumar e era frequente vê-la com uma boquilha de carapaça de tartaruga, que viria a transformar-se num seus símbolos de identidade.


A morte de seu pai em 1952 fez aumentar a sua dependência do tabaco, tendo chegado a fumar 60 cigarros por dia.


Foi nessa época, que Margarida conheceu o capitão Peter Tonwsend, considerado por muitos como o amor da sua vida. Porém, Peter Tonwsend era divorciado e a união de ambos não era bem vista pela sociedade tradicional de então, que considerava a separação legal de um cônjuge como um estigma.


A pressão da realeza, da igreja e da classe política contra esta relação acabou por determinar a ruptura do casal em 1955. Cinco anos mais tarde, Margarida casava-se com o fotógrafo Anthony Armstrong-Jones, mais tarde conde de Snowdon.


O casal, que se divorciou em 1978, teve dois filhos: David, visconde Linley, nascido em 1961, e "lady" Sarah, nascida em 1964.


O gosto de Margarida por bailes e festas, que eram sempre acompanhados dos seus cigarros e "whisky", teve reflexos na saúde, tendo em várias ocasiões sofrido amigdalites, laringites, bronquites, hepatites e pneumonia.


Em Janeiro de 1985, ingressou no Hospital de Londres, onde segundo a versão oficial, foi operada a um tumor pulmonar benigno.


Mas, três anos mais tarde, o Palácio de Buckingham reconheceu, oficialmente, quem nessa altura, lhe tinha sido retirado uma parte do pulmão esquerdo.


Em Janeiro de 1993, deu entrada no hospital Rei Eduardo VII, vítima de uma pneumonia, e, cinco anos mais tarde, quando desfrutava umas férias na ilha de Mustique, no Caribe, Margarida sofreu um acidente vascular cerebral, tendo permanecido internada num centro hospitalar londrino durante quase duas semanas.


Um ano mais tarde e de novo na ilha de Mustique, a irmã da rainha Isabel II sofreu graves queimaduras nos pés ao entrar numa banheira com água a ferver.


A sua recuperação foi muito lenta e, segundo rumores difundidos pela imprensa popular londrina, deixou a princesa numa profunda depressão.


Desde essa altura, os actos oficiais da princesa Margarida foram reduzidos consideravelmente.


No último período natalício, a princesa Margarida sofreu um novo acidente vascular cerebral na residência real de Sandrigham.


Segundo o comunicado oficial do Palácio de Buckingham, a princesa foi internada no dia 10 de Janeiro no hospital Eduardo VII, por não ter apresentado melhoras apesar do tratamento a que estava a ser submetida.


"Uma das consequências do recente e leve ataque cerebral terá sido uma séria perda de apetite", explicava o Palácio de Buckingham no comunicado.


Lusa