Setenta povos indígenas correm risco de extinção

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No fim do ano terão desaparecido todos os yoras, todos os jarawas, todos os awás, a menos que alguém faça alguma coisa DR

As comunidades em perigo, cerca de 70, espalhadas pelos vários continentes, têm em comum o facto de terem estado incontactáveis durante muito tempo devido ao seu estado de isolamento quase total. O que faz delas grupos altamente frágeis. Por exemplo os índios yora, na Amazónia peruana, contaminados e dizimados por doenças deixadas por aventureiros brancos contra as quais não têm imunidade.

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As comunidades em perigo, cerca de 70, espalhadas pelos vários continentes, têm em comum o facto de terem estado incontactáveis durante muito tempo devido ao seu estado de isolamento quase total. O que faz delas grupos altamente frágeis. Por exemplo os índios yora, na Amazónia peruana, contaminados e dizimados por doenças deixadas por aventureiros brancos contra as quais não têm imunidade.

Mais de metade desta tribo morreu desde os anos 80, quando a multinacional Shell se instalou de nas suas terras. "Morreram todos. O meu tio e primos foram mortos quando eles chegaram", diz Shocorua, uma yora.

Outra comunidade em perigo são os jarawa das ilhas Andaman, um território indiano, no oceano Índico, cuja sobrevivência está nas mãos de um "comité de peritos". Começaram a sair das suas terras, empurrados por interesses económicos estranhos, e ninguém fala a sua língua.

Os indígenas, quase extintos, foram forçados a sair da reserva a que estavam confinados e a mudarem-se para outras terras, mais pobres, com menos recursos, sem condições, num processo que, segundo a Survival, os expõe a doenças de que têm estado a salvo devido ao isolamento. De uma população de cinco mil pessoas há 150 anos, restam 41. Estão no fim.

À beira da extinção estão ainda os awá, no Brasil. É um caso típico de expoliação de terras ancestrais, de acordo com a Survival, que acusa o Governo brasileiro, a companhia de mineração CVRD e o Banco Mundial do iminente desastre.

Massacre no PeruAs três entidades simplesmente passaram por cima da Constituição brasileira ignorando as terras em causa que são pertença dos índios, uma comunidade nómada, das poucas que ainda existem na América do Sul.

Um número imenso de awás morreu nos anos 90 em resultado da invasão das suas terras por madeireiros, criadores de gado e colonos, invasões que o Governo não contrariou ou não conseguiu contrariar. Agora, o fim da etnia está iminente, uma questão talvez de meses.

No caso particular destas três comunidades, a organização britânica apela aos governos do Peru, da Índia e do Brasil para assumirem as suas responsabilidades e travarem o processo de extinção em marcha. Por exemplo reconhecendo o direito das três etnias à propriedade das respectivas terras e mesmo à autodeterminação.

Ao mesmo tempo que a Survival enviava o seu SOS à Comissão dos Direitos do Homem de Genebra, e a espalhava pela imprensa internacional, um grupo de índios era assassinado no Peru por colonos à procura de lhes ficarem com as terras, denunciou um deputado em Lima, Luis Guerrero Figueroa.

"De acordo com informações que recebi da polícia, terão sido mortos entre vinte e trinta índios", declarou o parlamentar, que falava numa sessão plenária da câmara única peruana. O massacre ocorreu na selva, no departamento de Cajamarca, na fronteira com o Equador, num lugar quase sem comunicações, explicou Figueroa, e os seus autores terão sido colonos desbastadores de floresta para a transformarem em terras de cultivo e nelas se instalarem. E foi conhecido por sorte: por três indígenas, feridos a tiro, terem contado tudo à polícia.