Teia-de-aranha recriada em laboratório pela primeira vez
Para a ciência, tornar realidade o feito conseguido acidentalmente pelo herói Peter Parker, o eterno Homem-Aranha das aventuras da Marvel, de recriar teia-de-aranha em laboratório, era como uma busca do Santo Graal. As características naturais da teia, a durabilidade, resistência, flexibilidade e biodegradabilidade foram sempre cobiçadas pela engenharia dos materiais. A teia-de-aranha natural aguenta uma tensão de 500 quilos por centímetro quadrado.
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Para a ciência, tornar realidade o feito conseguido acidentalmente pelo herói Peter Parker, o eterno Homem-Aranha das aventuras da Marvel, de recriar teia-de-aranha em laboratório, era como uma busca do Santo Graal. As características naturais da teia, a durabilidade, resistência, flexibilidade e biodegradabilidade foram sempre cobiçadas pela engenharia dos materiais. A teia-de-aranha natural aguenta uma tensão de 500 quilos por centímetro quadrado.
A equipa de investigadores do exército norte-americano e da empresa canadiana Nexia, não precisaram de ser picados por uma aranha como o herói Peter Parker. "Ao alcançarmos esta etapa iniciamos uma nova era na área das linhas de suturação médica em oftalmologia e neurocirurgia, linhas de pesca biodegradáveis, protecções corporais flexíveis e materiais diversos com uma estrutura ideal. Pretendemos agora fabricar teias-de-aranha artificiais que respondam às várias necessidades pedidas para os mais diversos fins", explicou Jeffrey Turner, presidente da Nexia num comunicado de imprensa emitido pela revista "Science".
"É fantástico como um animal tão pequeno como a aranha consegue construir um material tão resistente só através de aminoácidos, os mesmos aminoácidos que usamos para a construção dos nossos cabelos e da nossa pele. As teias-de-aranha são uma das mais incríveis maravilhas da natureza", acrescentou Jeffrey Turner. Os aminoácidos são os "tijolos" de construção com que as células fabricam as proteínas.
Para recriar artificialmente esta maravilha da natureza, os cientistas manipularam células de mamíferos juntando-lhes o gene responsável pela produção da teia. O gene foi retirado do material genético de dois tipos diferentes de aranhas tidas como produtoras das teias mais resistentes. As células foram cultivadas em laboratório e o resultado foi a produção das proteínas próprias das teias-de-aranha naturais, que formam agora estas fibras a que chamaram Biosteel.
Os primeiros testes provaram que as fibras Biosteel ficam ao nível da matéria natural que pretendem copiar, apesar da equipa reconhecer que em termos de resistência a teia-de-aranha natural é algo superior. As teias-de-aranha são um dos materiais mais resistentes conhecidos. Agora a equipa pretende investir no aperfeiçoamento destas fibras, uma vez que, levam algumas centenas de milhões de anos de atraso em relação às teias-de-aranha, que se foram aperfeiçoando ao longo do tempo conforme as necessidades impostas pela natureza.