Monteiro demitiu-se do PP há cinco anos mas continua à espreita

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Os papéis inverteram-se e, agora, é Manuel Monteiro quem procura "roubar" a liderança do PP a Paulo Portas DR

A carreira de Monteiro à frente dos democratas-cristãos começou em 1992 quando, com apenas 29 anos, derrubou Basílio Horta e sucedeu a Freitas do Amaral. Dos seus primeiros anos de liderança ficam a ruptura com os históricos do CDS, assumindo o partido como uma força política de direita, patriota, defensora da União Económica Monetária, mas contra a união política e o federalismo.Jorge Ferreira, Manuela Moura Guedes, Maria José Nogueira Pinto e Paulo Portas - que se viria a tornar no seu grande rival na corrida pela liderança - foram algumas das figuras que trouxe para o PP.
A posição assumida pela direcção do partido, em finais de 1995, de não apoiar a candidatura de Cavaco Silva à Presidência da República foi a primeira ruptura com Portas que culminou a 24 de Setembro do ano seguinte, quando Monteiro anunciou que se demitia da liderança do partido.
O Congresso de Coimbra foi o momento de viragem. Paulo Portas produziu a intervenção mais aplaudida da noite, Monteiro não gostou e saiu do recinto para tomar café.
A gota de água que fez transbordar o copo caiu em Setembro desse ano, quando Paulo Portas, sem a concordância de Monteiro, se candidata à liderança da bancada parlamentar do PP. Como resultado, sete deputados surgiram publicamente ao lado de Portas a assumir o voto nele, mas os restantes oito votaram em branco.
O grupo de Paulo Portas insinuou, então, que houve fraude nas eleições por parte dos seguidores de Monteiro e o actual líder recusa a liderança e suspende o mandato de deputado.
No dia seguinte, a 24 de Setembro, com a crise instalada no PP, Manuel Monteiro anuncia a sua demissão da liderança do partido, dizendo-se vítima de uma guerrilha.
No entanto, volta a recandidatar-se à lideraça, sem ter Portas como adversário, e volta a ganhar a liderança. Por pouco tempo. Em finais de 1997, dá-se o desaire nas autárquicas, Monteiro demite-se de novo, enquanto Paulo Portas estava já à espreita para no Congresso de Aveiro (em 1998) se assumir como um candidato vencedor.
Os dados tornaram-se agora inversos. Monteiro já fez saber publicamente que vai disputar a liderança do partido no próximo congresso, em 2002, numa altura em que Paulo Portas joga o tudo por tudo da sua vida política nos resultados autárquicos deste ano, sobretudo em Lisboa, onde é candidato.

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A carreira de Monteiro à frente dos democratas-cristãos começou em 1992 quando, com apenas 29 anos, derrubou Basílio Horta e sucedeu a Freitas do Amaral. Dos seus primeiros anos de liderança ficam a ruptura com os históricos do CDS, assumindo o partido como uma força política de direita, patriota, defensora da União Económica Monetária, mas contra a união política e o federalismo.Jorge Ferreira, Manuela Moura Guedes, Maria José Nogueira Pinto e Paulo Portas - que se viria a tornar no seu grande rival na corrida pela liderança - foram algumas das figuras que trouxe para o PP.
A posição assumida pela direcção do partido, em finais de 1995, de não apoiar a candidatura de Cavaco Silva à Presidência da República foi a primeira ruptura com Portas que culminou a 24 de Setembro do ano seguinte, quando Monteiro anunciou que se demitia da liderança do partido.
O Congresso de Coimbra foi o momento de viragem. Paulo Portas produziu a intervenção mais aplaudida da noite, Monteiro não gostou e saiu do recinto para tomar café.
A gota de água que fez transbordar o copo caiu em Setembro desse ano, quando Paulo Portas, sem a concordância de Monteiro, se candidata à liderança da bancada parlamentar do PP. Como resultado, sete deputados surgiram publicamente ao lado de Portas a assumir o voto nele, mas os restantes oito votaram em branco.
O grupo de Paulo Portas insinuou, então, que houve fraude nas eleições por parte dos seguidores de Monteiro e o actual líder recusa a liderança e suspende o mandato de deputado.
No dia seguinte, a 24 de Setembro, com a crise instalada no PP, Manuel Monteiro anuncia a sua demissão da liderança do partido, dizendo-se vítima de uma guerrilha.
No entanto, volta a recandidatar-se à lideraça, sem ter Portas como adversário, e volta a ganhar a liderança. Por pouco tempo. Em finais de 1997, dá-se o desaire nas autárquicas, Monteiro demite-se de novo, enquanto Paulo Portas estava já à espreita para no Congresso de Aveiro (em 1998) se assumir como um candidato vencedor.
Os dados tornaram-se agora inversos. Monteiro já fez saber publicamente que vai disputar a liderança do partido no próximo congresso, em 2002, numa altura em que Paulo Portas joga o tudo por tudo da sua vida política nos resultados autárquicos deste ano, sobretudo em Lisboa, onde é candidato.