Bona decide sobrevivência de Quioto
O Protocolo de Quioto anda à deriva no oceano das alterações climáticas há seis anos. Ao leme da situação, a União Europeia tenta a sua ratificação pelo menos por 55 países, enquanto lhe chegam aos ouvidos os lamentos dos governantes das ilhas do Pacífico, ameaçados pela subida das águas. Mas, em Março, os Estados Unidos saltaram do barco, seguidos pela Austrália e Canadá.
A cimeira de Bona, retomando as negociações interrompidas por falta de consenso em Haia no ano passado, é a última oportunidade para a concretização de Quioto. Caso o protocolo não sobreviva às discussões desta semana, o próximo encontro, no final do ano, em Marraquexe, terá de criar um novo acordo, pondo fim a seis anos de negociações.
A sobrevivência do protocolo está agora nas mãos do Japão, que continua sem definir claramente a sua posição entre Washington ou Bruxelas.
Caso os EUA, Canadá e Austrália não ratifiquem o protocolo, este só poderá entrar em vigor se a União Europeia, Rússia, Japão e a maioria dos chamados países desenvolvidos o fizerem.
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O Protocolo de Quioto anda à deriva no oceano das alterações climáticas há seis anos. Ao leme da situação, a União Europeia tenta a sua ratificação pelo menos por 55 países, enquanto lhe chegam aos ouvidos os lamentos dos governantes das ilhas do Pacífico, ameaçados pela subida das águas. Mas, em Março, os Estados Unidos saltaram do barco, seguidos pela Austrália e Canadá.
A cimeira de Bona, retomando as negociações interrompidas por falta de consenso em Haia no ano passado, é a última oportunidade para a concretização de Quioto. Caso o protocolo não sobreviva às discussões desta semana, o próximo encontro, no final do ano, em Marraquexe, terá de criar um novo acordo, pondo fim a seis anos de negociações.
A sobrevivência do protocolo está agora nas mãos do Japão, que continua sem definir claramente a sua posição entre Washington ou Bruxelas.
Caso os EUA, Canadá e Austrália não ratifiquem o protocolo, este só poderá entrar em vigor se a União Europeia, Rússia, Japão e a maioria dos chamados países desenvolvidos o fizerem.
Washington vai enviar uma delegação a Bona , orientada pela subsecretária de Estado dos Negócios Estrangeiros, Paula Dobriansky, que conta apresentar uma nova abordagem da questão das alterações climáticas diferente da do Protocolo de Quioto. O objectivo final de Bush, que mais uma vez afirmou não voltar atrás na sua decisão em Bona, será ganhar o apoio de Tóquio e fazer vingar o seu plano alternativo.Por seu lado, Juchiro Koizumi, primeiro-ministro nipónico, ainda não perdeu as esperanças de convencer os EUA a voltarem ao barco. Para este governante, Bona não é um final e ainda existe tempo para mais negociações.
Ao longo desta semana, cerca de 180 países discutirão as formas de redução das emissões de gases com efeito de estufa - os mecanismos de aplicação do protocolo - que estão na base do fracasso das negociações de Haia. A contabilização, ou não, do dióxido de carbono absorvido pelas florestas e actividades agrícolas - mecanismo defendido pelos EUA - será outro dos temas quentes da cimeira, assim como o tipo de apoio a prestar aos países em vias de desenvolvimento.
Apesar de poder aceitar os sumidouros, a União Europeia vai introduzir o debate sobre a definição desse mecanismo para evitar a sua utilização indiscriminada.
O que são os sumidouros? É a contabilização da absorção de dióxido de carbono pelas florestas e agricultura. Os sumidouros facilitam o cumprimento dos limites de emissões estabelecidos no acordo. Segundo os EUA, país defensor dos sumidouros, a plantação de novas árvores permitirá absorver esse gás, permitindo uma redução para metade das emissões norte-americanas em 2010. Contudo, o que está em causa em Quioto é a redução das emissões líquidas, sem incluir o que é absorvido pelas florestas. Se se contabilizassem os sumidouros na sua totalidade, o protocolo deixaria de ter justificação, porque as metas de redução seriam em grande parte atingidas, mesmo sem um esforço dos países junto das suas fontes de emissão. Além disso, os ecologistas temem a plantação de espécies de crescimento rápido, em detrimento das espécies autóctones. |