Antárctida recebeu portugueses durante um mês

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A Antárctida funciona como «biblioteca climática», permitindo saber qual foi o clima do passado DR

Segundo o almirante José Bastos Saldanha, presidente da Secção de Geografia dos Oceanos, da Sociedade de Geografia de Lisboa, o objectivo da palestra foi "dar continuidade à mensagem do ano internacional dos oceanos e procurar que a população se aperceba dos grandes problemas relacionados com os oceanos e zonas costeiras".Paulo Afonso, director científico do projecto "Antárctida200", foi uma das três pessoas a fazer uma viagem de 40 dias ao continente de gelo. O projecto de documentário, da iniciativa da Expoente - Iniciativas Artísticas e Culturais, Lda, contou com o financiamento de doze mil contos (59 milhões de euros) do instituto polar alemão Alfred Wegener.
Segundo Paulo Afonso, "a conclusão da viagem é que há lugar para muitas investigações na Antárctida". O cientista salientando ainda falta de investimento financeiro e científico do Governo português naquele continente.

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Segundo o almirante José Bastos Saldanha, presidente da Secção de Geografia dos Oceanos, da Sociedade de Geografia de Lisboa, o objectivo da palestra foi "dar continuidade à mensagem do ano internacional dos oceanos e procurar que a população se aperceba dos grandes problemas relacionados com os oceanos e zonas costeiras".Paulo Afonso, director científico do projecto "Antárctida200", foi uma das três pessoas a fazer uma viagem de 40 dias ao continente de gelo. O projecto de documentário, da iniciativa da Expoente - Iniciativas Artísticas e Culturais, Lda, contou com o financiamento de doze mil contos (59 milhões de euros) do instituto polar alemão Alfred Wegener.
Segundo Paulo Afonso, "a conclusão da viagem é que há lugar para muitas investigações na Antárctida". O cientista salientando ainda falta de investimento financeiro e científico do Governo português naquele continente.

De visita às bases científicas

Os três portugueses - um cientista, um operador de câmara e um fotógrafo - visitaram as bases científicas na Antárctida e conheceram as experiências realizadas por colegas estrangeiros no campo da sismografia, geologia, climatologia, monitorização de baleias, entre outras áreas.Navegando a bordo do navio de investigação polar "Polarstern", os portugueses passaram por icebergues de grandes dimensões, viram recolher "krill" - base da alimentação de muitas espécies marinhas - para análise, observaram albatrozes, peixes-gelo, focas e o famoso pinguim-imperador, a única espécie que nidifica no Inverno antárctico.
No entanto, os três portugueses contam voltar no princípio de 2002 para documentar outras zonas do continente. Com quatro mil habitantes, a Antárctida representa dez por cento da superfície do planeta e contém 91 por cento dos gelos mundiais.
No continente onde foi descoberto o primeiro buraco de ozono ainda existem zonas não cartografadas, completamente desconhecidas, lembrou Paulo Afonso.

Continente com história de sucesso

De acordo com Mário Baptista Coelho, moderador da palestra e formado em Direito, a Antárctida tem uma "história de sucesso". O Tratado da Antárctida, assinado consensualmente por cerca de 50 países em 1961, declarou este continente património comum da Humanidade, protegendo-o de explorações petrolíferas, experiências ou depósitos nucleares.Mário Baptista fez questão de salientar a importância do continente, apontando-o como o "epicentro das grandes problemáticas ambientais", uma vez que funciona como uma "biblioteca climática". Através de perfurações nas camadas de gelo, é possível saber qual foi o clima há milhares de anos.
Além disso, neste continente situa-se o lago subterrâneo Vostok, que se pensa conter provas da vida primordial.
Mário Baptista Coelho acrescentou ainda o facto de o continente ser "o motor das correntes marinhas" e de estas funcionarem "como um distribuidor climático no planeta".