EPAL vai erguer vedação de 45 metros de altura nas Amoreiras
O campo de treinos ocupará a zona relvada existente sobre a cobertura de um gigantesco reservatório de água integrado no sistema do Aqueduto das Águas Livres, classificado como monumento nacional e portanto dependente do Instituto Português do Património Arquitectónico (Ippar). A sua exploração será assegurada pela Super Golf das Amoreiras, sociedade a quem a EPAL, proprietária do espaço, cedeu as instalações por 25 anos. "Esperamos poder inaugurar o campo já em Maio", afirma Vitor Baltazar, administrador do Clube de Golfe das Amoreiras, uma empresa criada pela Epal para desenvolver o projecto. A instalação da rede, com um perímetro de 600 metros em torno da cisterna e com uma malha apertada (28 milímetros), está a provocar a indignação dos moradores das torres das Amoreiras que receiam perder a vista e ficar emparedados "como se estivessem numa prisão". Contactado pelo PÚBLICO, um dos administradores do condomínio do Lote 5, José Cunha, confirmou que diversos condomínios já apresentaram os seus protestos à Câmara de Lisboa há cerca de um mês e têm uma reunião marcada com a vereadora do Urbanismo para quinta-feira. José Cunha acrescentou que os moradores ignoram se a vedação foi ou não licenciada pela autarquia e pelo Ippar e que as diligências feitas para esclarecer esse assunto se têm revelado infrutíferas.
"Há portugueses que compram um apartamento e querem poder desfrutar o horizonte até ao infinito", comentou Vitor Baltazar. "A verdade é que os técnicos avaliaram a capacidade humana da pancada e os ventos da zona e decidiram que a rede devia ter 45 metros. Achamos que é preferível pecar por excesso do que nos arriscarmos a que uma bola atingisse uma viatura". Segundo o mesmo administrador do Clube de Golfe, a cor das torres (prateada) e da rede (preta) foram escolhidas para não produzir reflexos: "A hipótese da malha verde foi excluída por ser demasiado gritante e irritante".
A instalação das onze torres que suportam a rede obrigou à construção de outros tantos maciços de betão a poucos centímetros das paredes enterradas da cisterna abobadada e ainda utilizada pela EPAL, situação que exige a consulta do Ippar.
Vitor Baltazar afirma que, logo em 1991, a EPAL expôs ao então IPPC as suas intenções e que este deu um parecer favorável. O projecto foi depois aprovado pela Câmara de Lisboa em 1994. "A câmara, se entendesse, podia ter entregue o projecto ao Ippar", afirmou irritado Vitor Baltazar, que lamenta que esta questão só agora esteja a ser colocada, quando "tudo está praticamente pronto". O administrador realçou que aquela foi "uma obra melindrosa", feita de molde a "não exercer pressão sobre as paredes do reservatório de água" e que obrigou a "sondagens", estudos e cuidados especiais.
As torres estão a chegar todas as noites em módulos e começaram já a ser montadas para suportar também os sistemas de iluminação, que permitirão treinar até cerca da meia-noite.
Há muito que a EPAL desejava rentabilizar aquele espaço, primeiramente como "court" de ténis, mais tarde como campo de treino para golfistas. Em 1994 entregou a exploração do campo à Super Golfe das Amoreiras, empresa que se encarregou dos acabamentos do snack-bar, restaurante e loja do "Club-House" já construído e em funcionamento parcial num dos extremos do recinto. A Super Golfe tem mantido discretamente aberto o campo de treinos, com uma rede provisória autorizada pela câmara, rede essa que permite aos golfistas "dar umas tacadas de apenas 2 a 3 metros". Ao todo, estarão ao dispor dos golfistas 50 postos individuais de batimento de bolas, 14 dos quais cobertos.
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O campo de treinos ocupará a zona relvada existente sobre a cobertura de um gigantesco reservatório de água integrado no sistema do Aqueduto das Águas Livres, classificado como monumento nacional e portanto dependente do Instituto Português do Património Arquitectónico (Ippar). A sua exploração será assegurada pela Super Golf das Amoreiras, sociedade a quem a EPAL, proprietária do espaço, cedeu as instalações por 25 anos. "Esperamos poder inaugurar o campo já em Maio", afirma Vitor Baltazar, administrador do Clube de Golfe das Amoreiras, uma empresa criada pela Epal para desenvolver o projecto. A instalação da rede, com um perímetro de 600 metros em torno da cisterna e com uma malha apertada (28 milímetros), está a provocar a indignação dos moradores das torres das Amoreiras que receiam perder a vista e ficar emparedados "como se estivessem numa prisão". Contactado pelo PÚBLICO, um dos administradores do condomínio do Lote 5, José Cunha, confirmou que diversos condomínios já apresentaram os seus protestos à Câmara de Lisboa há cerca de um mês e têm uma reunião marcada com a vereadora do Urbanismo para quinta-feira. José Cunha acrescentou que os moradores ignoram se a vedação foi ou não licenciada pela autarquia e pelo Ippar e que as diligências feitas para esclarecer esse assunto se têm revelado infrutíferas.
"Há portugueses que compram um apartamento e querem poder desfrutar o horizonte até ao infinito", comentou Vitor Baltazar. "A verdade é que os técnicos avaliaram a capacidade humana da pancada e os ventos da zona e decidiram que a rede devia ter 45 metros. Achamos que é preferível pecar por excesso do que nos arriscarmos a que uma bola atingisse uma viatura". Segundo o mesmo administrador do Clube de Golfe, a cor das torres (prateada) e da rede (preta) foram escolhidas para não produzir reflexos: "A hipótese da malha verde foi excluída por ser demasiado gritante e irritante".
A instalação das onze torres que suportam a rede obrigou à construção de outros tantos maciços de betão a poucos centímetros das paredes enterradas da cisterna abobadada e ainda utilizada pela EPAL, situação que exige a consulta do Ippar.
Vitor Baltazar afirma que, logo em 1991, a EPAL expôs ao então IPPC as suas intenções e que este deu um parecer favorável. O projecto foi depois aprovado pela Câmara de Lisboa em 1994. "A câmara, se entendesse, podia ter entregue o projecto ao Ippar", afirmou irritado Vitor Baltazar, que lamenta que esta questão só agora esteja a ser colocada, quando "tudo está praticamente pronto". O administrador realçou que aquela foi "uma obra melindrosa", feita de molde a "não exercer pressão sobre as paredes do reservatório de água" e que obrigou a "sondagens", estudos e cuidados especiais.
As torres estão a chegar todas as noites em módulos e começaram já a ser montadas para suportar também os sistemas de iluminação, que permitirão treinar até cerca da meia-noite.
Há muito que a EPAL desejava rentabilizar aquele espaço, primeiramente como "court" de ténis, mais tarde como campo de treino para golfistas. Em 1994 entregou a exploração do campo à Super Golfe das Amoreiras, empresa que se encarregou dos acabamentos do snack-bar, restaurante e loja do "Club-House" já construído e em funcionamento parcial num dos extremos do recinto. A Super Golfe tem mantido discretamente aberto o campo de treinos, com uma rede provisória autorizada pela câmara, rede essa que permite aos golfistas "dar umas tacadas de apenas 2 a 3 metros". Ao todo, estarão ao dispor dos golfistas 50 postos individuais de batimento de bolas, 14 dos quais cobertos.