A Praia
"A Praia" podia estar - e provavelmente queria estar - para os anos 90 como "Easy Rider" esteve para os anos 60: registar o momento em que se passa do sonho ao pesadelo ou, o que é mais apropriado neste caso, da promessa do paraíso à constatação do inferno. Mas mesmo que venha a subsistir como peça arqueológica sobre a ressaca da "club culture", o filme de Danny Boyle é tudo menos um objecto analítico: falta-lhe outra secura de "mise-en-scène" e outra capacidade para não se deixar enredar numa sucessão de efeitos maneiristas, falta-lhe a distância capaz de criar um ponto de vista consistente. Para mais, Boyle denota uma enorme dificuldade para lidar com a "interioridade" do argumento extraido do livro de Alex Garland: a comparação, é certo, é aleatória (e daí...), mas um visionamento de "Apocalypse Now" a poucos dias de distância do de "A Praia" é devastador para os monólogos e voz "off" do filme de Boyle.
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"A Praia" podia estar - e provavelmente queria estar - para os anos 90 como "Easy Rider" esteve para os anos 60: registar o momento em que se passa do sonho ao pesadelo ou, o que é mais apropriado neste caso, da promessa do paraíso à constatação do inferno. Mas mesmo que venha a subsistir como peça arqueológica sobre a ressaca da "club culture", o filme de Danny Boyle é tudo menos um objecto analítico: falta-lhe outra secura de "mise-en-scène" e outra capacidade para não se deixar enredar numa sucessão de efeitos maneiristas, falta-lhe a distância capaz de criar um ponto de vista consistente. Para mais, Boyle denota uma enorme dificuldade para lidar com a "interioridade" do argumento extraido do livro de Alex Garland: a comparação, é certo, é aleatória (e daí...), mas um visionamento de "Apocalypse Now" a poucos dias de distância do de "A Praia" é devastador para os monólogos e voz "off" do filme de Boyle.