Catástrofe mutante
Os mutantes, afinal, até são boas... pessoas. Bom, nem todos. Há Magneto, o vilão, que está farto de ser um incompreendido, que passou pela experiência traumática dos campos de concentração nazis e perde as estribeiras quando um senador americano propõe restrições à invasão dos mutantes - que desta feita não chegam em naves especiais, mas exibem alegremente os seus superpoderes perante a ressentida inferioridade humana. A vingança vem a caminho: Magneto constrói uma máquina para transformar os humanos em mutantes, mas, felizmente, terá que defrontar uma equipa bem-intencionada de prodigiosos mutantes comandada pelo seu antigo companheiro e actual rival Xavier, todos fervorosos praticantes do Bem. Esqueçam Batman e o Super-Homem, dois individualistas. Em "X-Men" faz-se a apologia comunitária: todos os super-heróis têm superpoderes diferentes e precisam uns dos outros para conseguir salvar o planeta. Tocante. Que Bryan Singer (o realizador que se divertiu a enganar os espectadores em "Os Suspeitos do Costume" e se safou com isso) tenha combinado os vulgaríssimos efeitos especiais com uma trama amorosa e traumas psicológicos próprios de uma novela nem sequer vem ao caso. "X-Men" está fadado para ser um "blockbuster" - foi o líder do "box-office" americano no Verão, época alta do cinema nos EUA - e responder às ansiedades dos fiéis coleccionadores da Marvel, que têm em Wolverine um modelo de virilidade e bonomia. Singer esforçou-se por tornar os seus heróis tão humanos quanto possível: todos têm as suas fraquezas, de Rogue (desapontador regresso de Anna Paquin, a menina de "O Piano"), que não pode tocar em ninguém, a Wolverine, que só gostava de saber como é que era tudo antes de o transformarem num mutante e que sofre dores horríveis sempre que mete as garras de fora... Ainda há a Tempestade, o Cíclope e a psíquica Jean Grey, e Singer consegue juntá-los a todos no mesmo filme com uma economia narrativa surpreendente. Pena é que a indigência visual e a vulgaridade gritante do argumento não cheguem para evitar a catástrofe mutante que é "X-Men".
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Os mutantes, afinal, até são boas... pessoas. Bom, nem todos. Há Magneto, o vilão, que está farto de ser um incompreendido, que passou pela experiência traumática dos campos de concentração nazis e perde as estribeiras quando um senador americano propõe restrições à invasão dos mutantes - que desta feita não chegam em naves especiais, mas exibem alegremente os seus superpoderes perante a ressentida inferioridade humana. A vingança vem a caminho: Magneto constrói uma máquina para transformar os humanos em mutantes, mas, felizmente, terá que defrontar uma equipa bem-intencionada de prodigiosos mutantes comandada pelo seu antigo companheiro e actual rival Xavier, todos fervorosos praticantes do Bem. Esqueçam Batman e o Super-Homem, dois individualistas. Em "X-Men" faz-se a apologia comunitária: todos os super-heróis têm superpoderes diferentes e precisam uns dos outros para conseguir salvar o planeta. Tocante. Que Bryan Singer (o realizador que se divertiu a enganar os espectadores em "Os Suspeitos do Costume" e se safou com isso) tenha combinado os vulgaríssimos efeitos especiais com uma trama amorosa e traumas psicológicos próprios de uma novela nem sequer vem ao caso. "X-Men" está fadado para ser um "blockbuster" - foi o líder do "box-office" americano no Verão, época alta do cinema nos EUA - e responder às ansiedades dos fiéis coleccionadores da Marvel, que têm em Wolverine um modelo de virilidade e bonomia. Singer esforçou-se por tornar os seus heróis tão humanos quanto possível: todos têm as suas fraquezas, de Rogue (desapontador regresso de Anna Paquin, a menina de "O Piano"), que não pode tocar em ninguém, a Wolverine, que só gostava de saber como é que era tudo antes de o transformarem num mutante e que sofre dores horríveis sempre que mete as garras de fora... Ainda há a Tempestade, o Cíclope e a psíquica Jean Grey, e Singer consegue juntá-los a todos no mesmo filme com uma economia narrativa surpreendente. Pena é que a indigência visual e a vulgaridade gritante do argumento não cheguem para evitar a catástrofe mutante que é "X-Men".