Zelensky diz ser favorável a militares estrangeiros na Ucrânia
O Presidente ucraniano não exclui o envio de forças europeias para o país para que seja garantida a segurança enquanto a adesão à NATO não for cumprida. Ideia já tinha sido avançada por Macron.
O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky defendeu um acordo diplomático para acabar com a guerra da Rússia na Ucrânia e sugeriu que tropa estrangeira seja enviada para o país até que Kiev integre a NATO.
As declarações foram feitas durante uma conferência de imprensa conjunta com o líder da oposição alemã, o democrata-cristão Friedrich Merz, e são o sinal mais recente da abertura cada vez maior da Ucrânia a negociações, à medida que se aproxima o regresso de Donald Trump à Casa Branca.
O Presidente eleito dos EUA, que já disse querer acabar rapidamente com a guerra, apelou no domingo a um cessar-fogo imediato e a negociações para acabar com a “loucura”, depois de se ter reunido com Zelensky e com o Presidente francês, Emmanuel Macron, em Paris.
“A Ucrânia quer que esta guerra acabe mais do que toda a gente. Sem dúvida que uma resolução diplomática [do conflito] iria salvar mais vidas. E nós procuramo-la”, afirmou Zelensky esta segunda-feira em Kiev.
Zelensky disse ter discutido um “congelamento” das linhas da frente quando se encontrou com Macron e Trump. A Rússia controla cerca de um quinto do território ucraniano depois de ter lançado uma invasão em 2022 que desencadeou o maior conflito militar na Europa desde a II Guerra Mundial.
Zelensky disse ter avisado os dois líderes que não acredita que o Presidente russo, Vladimir Putin, queira realmente acabar com a guerra e que deve ser obrigado a fazê-lo.
“Só se pode demonstrar força se a Ucrânia estiver forte. Uma Ucrânia forte antes de qualquer negociação significa uma [Ucrânia] forte no campo de batalha”, afirmou, sugerindo que Kiev necessita de ajuda para se fortalecer.
Zelensky recebeu um apoio retórico de Merz, que encabeça a corrida eleitoral para se tornar no próximo chanceler alemão, que usou a sua visita para equiparar a actual política de Berlim para a Ucrânia a permitir que as forças ucranianas combatam com um braço amarrado às costas.
Tropas estrangeiras
Zelensky também regressou a uma ideia levantada em Fevereiro por Macron, que sugeriu a possibilidade de os países europeus enviarem militares para a Ucrânia. Não há consenso sobre a matéria entre os líderes europeus. França e Reino Unido são favoráveis a essa hipótese, enquanto o Governo alemão ainda está a considerá-la.
“Podemos pensar e trabalhar na posição de Emmanuel. Ele sugeriu que alguma tropa de um país esteja presente no território da Ucrânia, o que nos iria garantir segurança enquanto a Ucrânia não entre na NATO”, afirmou Zelensky.
“Mas temos de ter a noção clara de quando é que a Ucrânia irá estar na UE e de quando é que irá estar na NATO”, acrescentou.
Kiev, que tem feito um esforço concertado para obter um convite para aderir à NATO, insistiu ao longo da guerra de que necessita de garantias de segurança para impedir que a Rússia lance uma nova invasão assim que as hostilidades venham a ser suspensas.
“Se houver uma pausa enquanto a Ucrânia não estiver na NATO, e mesmo que tenhamos um convite, (…) então quem nos garante algum tipo de segurança?”, questionou Zelensky durante a conferência de imprensa.
A Rússia tem exigido que a Ucrânia desista da ambição de entrar na NATO e encara a adesão de Kiev à aliança como uma ameaça de segurança inaceitável.
O Presidente ucraniano disse esperar telefonar ao ainda Presidente dos EUA, Joe Biden, nos próximos dias para discutir a adesão à NATO.
“Ele é o actual Presidente e muita coisa depende da sua opinião. E não adianta discutir com o Presidente Trump algo que ainda não está nas suas mãos, enquanto não estiver na Casa Branca.”