Sp. Braga continua na corrida para a sua melhor época de sempre

No jogo que nesta sexta-feira abre a 28.ª jornada da Liga portuguesa, o Benfica recebe a equipa treinada por Paulo Fonseca, técnico que, no Minho, já conseguiu apagar a má imagem deixada pela passagem pelo FC Porto.

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Os bons resultados têm marcado a temporada do Sporting de Braga até ao momento FRANCISCO LEONG/AFP

A 8 de Março, três dias depois de o Benfica chegar à liderança do campeonato após vencer no Estádio de Alvalade, um comunicado publicado pelos “encarnados” no seu site oficial apelava aos adeptos benfiquistas para não entrarem “em euforias fora de tempo” e alertava que ainda restavam “nove finais” até Maio. Quase um mês depois, com mais dois rivais (Tondela e Boavista) ultrapassados com sucesso, as “águias” vão receber amanhã aquele que é, em teoria, o obstáculo mais complicado até ao final do campeonato e têm motivos para preocupações: a menos de dois meses de terminar a temporada, o Sp. Braga continua a correr para a sua melhor época de sempre.

Quando, a 12 de Setembro, o Sp. Braga foi derrotado pelo Estoril no Estádio António Coimbra da Mota, a aposta de António Salvador em Paulo Fonseca começou a ser questionada por adeptos e imprensa. Pressionado pelos jornalistas, no final da partida frente à equipa da Linha o treinador disse que não “estava preocupado” com o seu futuro, mas após uma pré-temporada sem qualquer vitória e duas derrotas nas quatro primeiras jornadas do campeonato, o destino de Fonseca em Braga parecia turbulento. Privado de meia dúzia de habituais titulares na época anterior (Aderlan, Danilo, Tiba, Zé Luís, Éder e Pardo), Fonseca, para além de ter que reconstruir a equipa, arriscou e fez um upgrade táctico nos bracarenses. A audácia acabaria por ser recompensada e os (bons) resultados não demoraram a aparecer.

Após uma temporada em que Sérgio Conceição privilegiou essencialmente a aposta num futebol de combate que procurava explorar a velocidades nas transições, Fonseca manteve-se fiel ao sistema que tinha feito do Paços de Ferreira na época anterior uma das equipas que melhor futebol jogava em Portugal. Com um 4x4x2 dinâmico, onde os extremos (Rafa, Alan e Pedro Santos) assumem um papel preponderante ao procurarem sempre os espaços interiores, o Sp. Braga de Paulo Fonseca começou a convencer na estreia europeia (vitória a 17 de Setembro na República Checa frente ao Slovan Liberec) e, apesar dos deslizes iniciais no campeonato, ao fim de 10 jornadas os minhotos ocupavam o 3.º lugar, atrás de Sporting e FC Porto. Porém, o primeiro confronto da temporada contra o adversário de amanhã começou a ditar uma mudar nas prioridades dos bracarenses.

Depois da derrota em casa com o Benfica na 11.ª jornada, resultado que provocou a queda dos “arsenalista” para o 4.º lugar, e com os sucessivos sucessos na Liga Europa, Taça de Portugal e Taça da Liga, o campeonato foi, aos poucos, passando para segundo plano na “pedreira”. Nas quatro frentes e com um calendário que não dava margem para muita manobra, Fonseca optou por fazer descansar algumas das principais figuras da equipa em muitos jogos da segunda volta do campeonato e essa gestão resultou em empates no Bessa, em Arouca e em casa contra com o V. Guimarães. O exemplo maior da secundarização da liga portuguesa para os minhotos chegou a 13 de Março, quando no meio da eliminatória da Liga Europa frente ao Fenerbahçe, um desfalcado Sp. Braga sofreu uma pesada derrota no Restelo (3-0).

A desvalorização do campeonato – fica a sensação que os bracarenses tinham argumentos para lutarem por um dos três primeiros lugares -, não macha, no entanto, uma época que pode tornar-se histórica. Apesar dos feitos alcançados por Domingos Paciência em 2009-10 (2.º lugar no campeonato) e 2010-11 (final da Liga Europa) ou por José Peseiro em 2012-13 (conquista da Taça da Liga), nessas temporadas os minhotos falharam em tudo o resto, centrando-se apenas num objectivo.

Esta temporada, a ambição (e risco) é maior. Com o apuramento para a final da Taça de Portugal já garantido, uma meia-final da Taça de Liga por disputar contra o Benfica e o início de um frente a frente com o Shakhtar Donetsk nos quartos-de-final da Liga Europa agendado já para a próxima semana, Paulo Fonseca tem nas mãos a oportunidade de escrever esta época a página de maior sucesso da história do Sp. Braga, mas qualquer que seja o desfecho final da temporada minhota, Fonseca já conseguiu apagar a má imagem que deixou após a passagem pelo FC Porto e a qualidade do trabalho feito pelo técnico de 43 anos em Braga é incontestável. 

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