Um clássico relativamente moderado no plano da segurança

Como jogo de alto risco que é, o Benfica-FC Porto comporta um contingente policial reforçado. Mas está longe de obrigar a medidas mais radicais, como as que são aplicadas na Holanda e na Grécia.

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Adeptos do Galatasaray em Braga durante um jogo da Liga dos Campeões em 2012 Miguel Riopa/AFP

"A previsão é de casa cheia, 63 mil adeptos. Os 1642 que sobram são lugares que ficam reservados por questões de segurança", adiantou na sexta-feira Pedro Pinho, subintendente da PSP, desvalorizando os efeitos da morte de Eusébio na partida. "Em termos de segurança é um clássico igual aos outros. Em termos da morte do Eusébio é a de um símbolo do Benfica e de Portugal e, portanto, admitimos que haja um ambiente diferente no estádio”.

A distribuição dos adeptos da equipa visitante é sempre uma preocupação nestas ocasiões, até porque os incidentes mais graves registados nos últimos anos acabaram por gerar críticas relativas à zona da bancada destinada aos apoiantes do FC Porto.

Em Abril de 2007, num jogo da 23.ª jornada, registaram-se três feridos e três detenções depois do lançamento de sete petardos e duas cadeiras na direcção dos adeptos do Benfica. A Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) concluiu, na altura, que os “encarnados” e a PSP “foram os principais responsáveis pelos incidentes” na medida em que permitiram que a claque visitante fosse colocada num anel superior do estádio, por cima de apoiantes das “águias”.

Distúrbios deste género não são passíveis de acontecer, por exemplo, na Holanda. Tudo porque desde 2009 que, nos jogos de maior rivalidade, em particular entre o Ajax e o Feyenoord, vigora um modelo que proíbe os adeptos da equipa visitante de presenciarem o jogo in loco. Polémico? Talvez. Mas eficaz, pelo menos a julgar pelo estudo divulgado em Julho passado, que aponta para um período de quatro anos sem confrontos e para uma poupança estimada de um milhão de euros em policiamento.

Outra das vantagens avançadas pelos defensores desta medida, que na prática se traduz pela total ausência de apoio nas bancadas para a equipa visitante, é a possibilidade de o clube da casa maximizar receitas, ocupando as cadeiras afectas às zonas de segurança que habitualmente separam os adeptos das duas equipas.

Mas nenhuma mais-valia é tão valorizada como a questão da segurança. Embora nem sempre a medida surta efeito, como se comprovou na Grécia. De acordo com os regulamentos da Liga grega, em jogos tão escaldantes como o Panathinaikos-Olympiacos também não são permitidos adeptos da equipa visitante no estádio. Ainda assim, em Março de 2012, o jogo entre os dois rivais foi interrompido depois dos motins desencadeados nas bancadas por apoiantes da equipa da casa, insatisfeitos com o resultado (0-1).

Na Alemanha, o crivo também foi apertado no final de 2012, mas a verdade é que o pacote de medidas tendentes a reduzir as manifestações de violência no futebol é bem mais moderado e tem servido apenas como ponto de orientação para os clubes. Entre as acções previstas, conta-se a possibilidade de reduzir de 10 para 5% os bilhetes disponibilizados à equipa visitante (embora a decisão tenha de ser muito bem fundamentada pelo clube da casa), a proibição de os adeptos forasteiros ocuparem as bancadas sem lugares sentados e revistas corporais minuciosas, a mais controversa das medidas.

Mais calma do que há uns anos está a situação em Inglaterra, onde as câmaras (instaladas em todos os estádios da Premier League) servem de elemento dissuasor e a política de exclusão dos prevaricadores do futebol tem funcionado. Os jogos de alto risco são normalmente marcados para o início da tarde, para reduzir os riscos de consumo excessivo de álcool.

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