Taxa de desemprego baixa para 16,4%
Número de desempregados no segundo trimestre recuou para 886 mil, mas continua a ser mais elevado do que um ano antes.
Em Portugal, havia 886 mil desempregados no segundo trimestre, menos 66,2 mil pessoas do que nos três primeiros meses deste ano, mas mais 59,1 mil do que no período homólogo.
A taxa de desemprego recuou pela primeira vez desde o segundo trimestre de 2011. A queda, de 1,3 pontos percentuais, é a maior entre trimestres em 15 anos, ao mesmo tempo em que houve um aumento marginal da taxa de actividade (de 0,1 pontos percentuais). Ao todo, a população em idade activa passou a ter mais 6,2 mil pessoas, aumentando para 5,39 milhões de indivíduos.
O Governo prevê, no entanto, que a taxa de desemprego continue a aumentar até ao final do ano. E os números continuam a espelhar as dificuldades de recuperação sustentada do mercado de trabalho.
Mais de metade dos desempregados são pessoas que estão fora do mercado de trabalho há um ano ou mais tempo, uma realidade que não passa ao lado do facto de serem os mais velhos e os menos qualificados os rostos do desemprego de longa duração. Embora na comparação trimestral tenha diminuído o número de pessoas que continuam fora do mercado de trabalho há, pelo menos, 12 meses, há registo de 548,3 mil pessoas – e o número é superior em 105 mil face ao segundo trimestre do ano passado.
Entre os 886 mil desempregados, 463,2 mil são homens (16,4% da população activa masculina) e 422,8 mil são mulheres (uma taxa de 16,5%).
Contratos a prazo aumentam
De Abril a Junho, a população empregada aumentou em 72,4 mil pessoas face ao trimestre anterior (baixou em 182,6 mil na comparação homóloga), o que ajuda a explicar a queda trimestral do desemprego. Mas os dados indiciam um crescimento frágil no número de empregos.
Não só houve um acréscimo mais forte dos contratos com termo do que sem termo, como apenas há um aumento na agricultura, floresta, pesca e serviços (onde se incluem os empregos da hotelaria e restauração, que a partir de Junho são um catalisador dos chamados empregos sazonais). Pelo contrário, na indústria, construção e energia, o número de empregos recuou.
A maior queda do desemprego registou-se no Algarve, onde a taxa passou, do primeiro para o segundo trimestre, de 20,5% para 16,9%, ficando abaixo do valor registado no segundo trimestre de 2012, o que não acontece em nenhuma das outras regiões.
O número de empregos engrossou entre quase todas as idades (a faixa dos 35 aos 44 anos foi a excepção), com o maior aumento percentual a registar-se na população jovem (dos 15 aos 24 anos). Nesta faixa etária, houve um crescimento de 4% no número de empregos, o equivalente a um acréscimo de 10,1 mil empregos em três meses. Mas a entrada de pessoas com o ensino superior concluído baixou do primeiro para o segundo trimestre (2%), havendo apenas um crescimento entre a população empregada que concluiu o secundário (2,1%) e o 9.º ano (0,1%).
Dados mais recentes do Eurostat, que publica estatísticas mensais, apontam para um recuo do nível de desemprego para 17,4% da população activa em Junho. A taxa medida pelo gabinete estatístico europeu não é comparável com a do INE, uma vez que é calculada com uma metodologia diferente, baseando-se nas estatísticas trimestrais do INE e nos dados registados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Governo vê sinal de esperança
O PSD já veio, em comunicado, notar a descida estimada pelo INE considerando-a “um importante avanço na situação social e económica do país”, por confirmarem, segundo os sociais-democratas, que “o esforço colectivo dos portugueses nos últimos dois anos não foi em vão”.
Mais contida foi a reacção do ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, Pedro Mota Soares, que embora, falando num sinal de esperança, se referiu ao desemprego como “a maior fractura do ponto de vista social” no país.
O Bloco de Esquerda e o PCP vieram deixar alertas sobre os números do desemprego. O coordenador do BE, João Semedo, atribuiu o recuo da taxa a uma variação sazonal e o mesmo disse à Lusa o dirigente comunista José Lourenço. “O problema de fundo é a recessão da economia. Enquanto continuar a austeridade e provocar a recessão não conseguimos ter emprego para todos os portugueses”, afirmou, citado por aquela agência noticiosa. Também para o PCP os dados agora conhecidos “não revelam qualquer alteração da situação de desastre económico e social”, disse José Lourenço.