Cartas ao director
O “imprevisível/impossível” Trump ganhou!
Quando, quase era certo os americanos terem um ataque de loucura e fazerem ganhar Donald Trump, a Europa achou que tal como com o Brexit “isto” era totalmente impossível de acontecer. Trump é Presidente dos EUA.
Trágico, sem dúvida. Depois do Brexit, esta é a cereja em cima do bolo, para as Democracia Ocidentais que já estavam meio podre, e numa Europa em total decomposição.
Depois dos anglo-saxónicos terem votado pelo seu isolamento da Europa, os EUA fizeram o mesmo – com a diferença que os EUA são os EUA, e o Reino Unido é uma amostra insignificante do que já foi - e como nós europeus ainda imaginávamos que podíamos ter espaço vital na globalização, mas, sempre apoiados nos outros, estamos em apuros. E se não nos quisermos unir vamos implodir para muitos anos.
Com a total incapacidade da Hollande na França, com Renzi em Dezembro a cair de Itália e arrastá-la para um dos extremos, a Hungria e não só com saudades da União Soviética, a Alemanha a ver se em algum baú encontra um Hitler, parece um filme de terror.
O ou agarramos a CETA com o Canadá, fazemos pontes com o norte do Mediterrâneo, tentamos não hostilizar os chineses e japoneses, e unimo-nos à séria, ou vamos mesmo, mesmo ficar o Museu do mundo, em total decomposição.
A Küttner de Magalhães, Porto
“As elites não estão à altura do que somos”
Ainda há pouco tempo, o recém-aclamado Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmava: “as elites portuguesas não estão à altura do povo que somos”. Mas não só, também na Europa e nos Estados Unidos.
A vitória de Trump só foi uma surpresa para os ‘românticos’, para aqueles que acreditavam que Clinton ganharia porque sim. De 1989 a 2009 duas famílias governaram os Estados Unidos, os Bush e os Clinton, agora seriam mais quatro anos a juntar a esses 20. Já se falava, e agora com esta derrota de Clinton, talvez Michelle Obama concorra em 2020, e queira juntar mais quatro anos aos oito do seu marido, o que faria que em 36 anos, com quatro de interregno do Trump, os Estados Unidos fossem governados por três famílias!
A derrota de Clinton, para além de se dever ao facto de ser a candidata do sistema, também se deve à desilusão com Barack Obama, muitos pensavam que só por ter uma cor de pele diferente, as coisas seriam diferentes. Não foram..
Até o filósofo Zizek, marxista e anticapitalista disse (contraditoriamente) que se pudesse votaria Trump, para que os partidos voltassem à origem, para que pudessem repensar e mudar algo, para colocar em marcha um novo processo político.
São as ‘famílias’ de políticos profissionais, que não fizeram outra coisa na vida, que criaram fenómenos como Farage e Trump. Foram elas, que sendo coniventes com o poder económico, não permitiram a distribuição justa. Não acabámos com a Monarquia para ser novamente governados por famílias, é preciso refundar a República!
Dario F. Ruivo, Seixal